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Gazeta Paços de Ferreira

19/04/2025, 0:00 h

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Pitum fez noventa

Cultura Opinião Abílio Travessas

CULTURA

Há alguém, ainda, que se lembre de A Visita da Cornélia? Pedrada no cinzentismo do canal único da TV, Carlos Cruz, Raul Solnado e Fialho Gouveia responsáveis pelo acontecimento.

Por Abílio Travessas (Colunista e Professor aposentado)

 

Surpreendido fui pelo convite do arquitecto Keil do Amaral, Pitum para os mais chegados, Pitum simplificação paterna de Ziriguidum, para apresentação dos seus livros: Meu Tio, meu Herói, Crónicas da Província, Boas Festas, O Zbiriguidófilo, O Solar de Bertiande, estes dois, contos para as crianças.

 

Durante uma semana, dediquei-me a ler o que ainda não tinha lido e a escrever notas que não deslustrassem o convite. Eis algumas considerações dum recensionista amador. Começando pela literatura juvenil e a arte de contar estórias maravilhosas, o que não é para todos.  Pitum alia nas estórias o humor e o imprevisto, seduzindo os mais novos e a mim a lembrança de pequenos livros de ogres, bruxas, fantasmas e cães a arrastar correntes nos caminhos nocturnos e pouco iluminados da aldeia. O Solar de Bertiande é exemplo de uma casa fantasmagórica, que se torna real para o herói. As ilustrações de Luísa Brandão, minhas preferidas, mas também as de Ana Biscaia.

 

As Crónicas da Província, que comecei a ler no Jornal Arquitectos, são um bom manual de aprendizagem desta arte de intervenção na paisagem, convocando a ajuda da amiga Ovelha do Restolho, em intervenções recheadas de humor. O labirinto legal na construção, o ensino da arquitectura, o stress a chegar à província – Pitum foi arquitecto em Nelas, vila da Beira Alta - as árvores e as estradas, tão actual com a polémica dos jacarandás…

 

 

 

 

Meu tio, meu herói. O funeral do tio-herói leva-nos, depois, a recordar uma infância de aprendizagem, anos 40/50, que é também uma história de Portugal, com percurso familiar, desde o avô e a casa grande na Beira Alta. Volta-se sempre à infância, que, talvez nunca se abandone, Pessoa disse. 

 

O quotidiano da média burguesia começa com o avô camiliano. “Para casar com a minha avó, que era jovem e bonita, mas já casada e mãe de dois filhos, raptou-a, tal como nos romances”. As recordações do tio são feitas também com as suas proezas no motociclismo, natação, atravessou o Tejo em competição, a pesca e o ensino da arte, dando-nos um manual de bem pescar no mar e no rio.

 

Termino com Boas Festas que reúne cartões que o Pitum e a Lira enviam aos amigos e que são uma viagem pelo país, o mundo e a família, desde os anos 60, sempre atentos, sempre a actualidade: o 25 de Abril em Ponta Delgada, Moçambique, a chegada a Canas de Senhorim e às Casas do Visconde, a queda do muro

 

 

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