11/04/2025, 0:00 h
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Educação Opinião ROSÁRIO ROCHA
EDUCAÇÃO
Por Rosário Rocha (Professora do AE Frazão)
Saíram na semana passada os famosos Rankings das escolas públicas e privadas. A comunicação social, como sempre, informa, sem grande novidade, que as escolas privadas se encontram à frente das públicas. Os rankings limitam-se a ordenar as escolas mediante as médias dos exames dos alunos.
O que a comunicação social não faz, e deveria fazer, era comparar contextos e de forma simples ver quem é o público dos colégios privados. Duas perguntas simples:
- Quantos alunos imigrantes frequentam os tais colégios de topo? Nos últimos tempos são muitos os que têm ingressado no nosso sistema de ensino e, de certa forma, enchido as escolas.
- Quantos alunos da Educação inclusiva frequentam os tais colégios? (Refiro-me a alunos com problemáticas de saúde – os antigos alunos da Educação Especial).
Não podemos comparar o que é incomparável…
Ranking de superação
Este ano o PÚBLICO, em parceria com a Católica Porto Business School, divulgou um ranking de superação. Na realidade este ranking baseia-se nas médias obtidas nos exames, mas ordena, considerando quanto conseguiram ultrapassar o que era expectável, ou seja, o que era esperado que tivessem. Este ranking baseia-se na comparação das médias dos exames entre escolas que têm características semelhantes. Assim, comparam escolas privadas com privadas, com contexto semelhante, e o mesmo acontece nas escolas públicas.
Nas escolas públicas, por exemplo, são comparadas as escolas com contexto favorável, intermédio ou desfavorável.
O que define o contexto são alguns parâmetros como a escolaridade dos pais e o número de alunos que beneficia de ação social escolar (os subsídios ou escalões escolares).
Há estudos científicos que indicam que o sucesso educativo dos alunos tem uma forte correlação com a escolaridade das mães.
É possível ter estes dados do contexto em relação às escolas públicas. Contudo, mais uma vez, nas escolas privadas não aparecem estas informações, pois não há dados…
Enquadramento concelhio
Ensino Básico
No nosso concelho, mediante as características do contexto dos alunos, todas as escolas se encontram no contexto desfavorável, à exceção da Escola Secundária de Paços de Ferreira, que se encontra posicionada no contexto favorável. Comparando esta com as outras escolas, os dados apontam que a escolaridade dos pais é superior num ano e as mães têm uma escolaridade superior cerca de dois anos. Também o número de alunos com ação social escolar é bastante inferior ao das outras escolas.
Ensino Secundário
Neste caso apenas temos duas escolas Secundárias (Paços de Ferreira e D. António Taipa). Neste nível de ensino ambas as escolas se situam no contexto desfavorável.
Panorama concelhio
No ensino básico são ordenadas 1047 escolas e no ensino secundário 561. O panorama concelhio, quanto às médias dos exames, não é muito favorável.
No ensino básico, 9º ano, a primeira escola que encontramos, em 314º lugar, é o Agrupamento de Escolas de Frazão e no ranking de superação em 53º lugar.
No ensino secundário, encontramos a Escola Secundária de Paços de Ferreira em 195º e no ranking de superação em 75º lugar.
Globalmente o panorama não é tão positivo quanto seria desejável. Contudo, os rankings valem o que valem e, muitas vezes, são condicionados por turmas que são menos fáceis, com contextos extremamente difíceis. Se analisarmos os rankings nos últimos anos, pode acontecer que uma escola esteja muito bem posicionada num ano e no seguinte mal posicionada. Os professores são muitas vezes os mesmos, as variantes é que são outras.
De uma maneira geral, acho que há um trabalho que é necessário fazer e que talvez possa trazer melhorias nos resultados concelhios: a educação de adultos.
Se formos analisar as escolas melhor posicionadas no ranking de superação, regra geral, a escolaridade das mães é bem mais elevada, ou seja é superior a 10 anos e nalguns casos ronda os 14 ou 15, contrastando com a situação concelhia, em que a média se situa nos 8 anos. Talvez este facto comprove os estudos científicos.
Bom, mas para finalizar quero aproveitar este espaço para dar os parabéns ao meu Agrupamento. Sei bem quanto todos os elementos da comunidade escolar trabalham num contexto pouco favorável para superar os constrangimentos e o pior deles todos: o estigma.
Frazão está muitas vezes associado a determinados estigmas, mas saber que as estratégias implementadas permitiram que os nossos alunos fossem os que tiveram melhores resultados nos exames, ao nível concelhio, e dos melhores na Comunidade Intermunicipal, é sem dúvida motivo de orgulho para alunos, famílias e para todos os profissionais que lá trabalham. Parabéns!!!
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