24/05/2025, 10:15 h
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OPINIÃO POLÍTICA
Por Sílvia Azevedo (Presidente MS-ID Paços de Ferreira)
Acabamos de assistir a um resultado eleitoral representativo de uma marcante mudança no cenário político português.
O aumento da influência da extrema direita e um discurso focado em políticas de imigração e segurança mudaram todo o cenário.
Vários analistas consideraram que esta eleição representa uma "pequena revolução", com um eleitorado que demonstrou uma forte vontade de mudança, mas, na verdade, ela traz mais consequências do que podemos imaginar, como o aumento da instabilidade governativa, mudanças socioeconómicas, impacto no comércio internacional e na relação com a NATO.
Mas não ficamos só por aqui!
As mulheres e as minorias estão em risco e precisam estar na linha de frente – mais do que nunca! O papel social das mulheres e das minorias na ideologia da extrema-direita é um tema complexo e varia conforme o contexto político e cultural que interessa influenciar e ou enfatizar.
Ver uma multidão de mulheres em manifestações é algo que realmente aciona-me os sentidos. Porque nas manifestações, há sempre uma forte intenção — uma força que, mesmo diante do ódio, se recusa a deixar de sonhar com um futuro melhor.
Urge repensar na política, na sua cultura, na democracia e na validação do populismo.
A democracia tem de ser refletida e percecionada.
A extrema direita não se limita a “odiar” ideias — ela odeia corpos, corpos femininos, negros, transgênero, imigrantes, roliços e ou pobres.
Ao controlar o corpo, controlam a vida. E ao silenciar, silenciam o futuro. Serão tempos exigentes! Mas há algo que a extrema direita subestima, a incrível capacidade de nos reinventarmos, de nos unirmos e de nos levantarmos.
A cada retrocesso imposto, surgirá uma resposta criativa, firme e, acima de tudo, coletiva. E, não, não vivemos numa abstração, vivemos num processo integrativo e de (re)conhecimento social.
Quando há partidos que rejeitam a democracia, ameaçam o Estado Social, destroem as famílias monoparentais, as mulheres trabalhadoras, a igualdade social e a equidade. As mulheres emancipadas ameaçam a ideologia da extrema direita que preserva o papel tradicional e tosco das instituições.
Na vida social, não basta estar, é preciso incomodar. Mais do que a presença, exige-se a ousadia. Um bem-haja a Maria de Lourdes Pintasilgo, a primeira e única mulher a exercer o cargo de Primeira-Ministra em Portugal (1979) e a segunda na Europa, apenas dois meses depois de Margaret Thatcher, do Reino Unido. Defendeu políticas de igualdade de género, educação para tod@s e de combate à pobreza, uma das vozes femininas mais lúcidas no pós-25 de Abril.
Estas e outras mulheres como Marie Curie ou Frida Khalo, não querem apenas "representar" — ELAS querem transformar. E isso incomoda. Incomoda muito! Mulheres que desafiam essa lógica não são bem-vindas, nem bem-vistas.
O feminismo é como um antídoto ao autoritarismo. Por isso, em tempos de barbárie, o feminismo é uma forma de preservar a humanidade. Enquanto a extrema direita aposta no medo, na exclusão, na xenofobia, no isolamento, o feminismo insiste na coletividade e na diversidade.
Marchemos, mesmo quando ninguém está a olhar. Escrevam, ensinem, cuidem e denunciem. E quando a história olhar para este tempo sombrio, é provável que encontremos a coragem das mulheres e a luz que manteve a democracia de pé.
Um bem-haja.
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