31/12/2021, 0:00 h
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Em 1867, um empresário norte-americano, após assistir à leitura de Um Conto de Natal de Charles Dickens, ficou de tal forma comovido (ou arrependido), que decidiu encerrar a sua fábrica no dia de Natal, e enviou um peru a cada trabalhador.
Porém Charles Dickens, quando escreveu Um Conto de Natal, não teve como primeiro objectivo mudar e consciencializar o mundo, com o temível espírito do natal futuro dos sonhos do avarento Scrooge. Na verdade Charles Dickens vivia um período financeiramente problemático, e isso fê-lo escrever uma das mais belas e famosas histórias de Natal, em apenas seis semanas.
Neste Natal, se eu tivesse o poder de, ao contar uma história, fazer alguém mudar a sua atitude, não escolheria Um Conto de Natal, escolheria uma história tradicional russa: Babuska, a velhinha.
Conta-se que numa aldeia vivia uma velhinha sempre muito atarefada, sem tempo para nada. A dada altura, nos céus apareceu uma estrela brilhante, e, apesar de todos a admirarem, Babuska não podia perder tempo a olhar uma estrela no céu, por muito brilhante que ela fosse.
Alguns dias depois, enquanto arrumava e arrumava a casa arrumada, bateram-lhe à porta três homens vindos do Oriente. Estavam gelados e esfomeados, e a velhinha, ao vê-los assim, não se fez rogada, e ordenou-os que entrassem, e que se aquecessem na sua casa, enquanto lhes prepararia algo para comerem. Os Magos agradeceram o convite e ficaram na casa de Babuska.
Enquanto comiam, os Magos contaram-lhe que estavam a seguir aquela estrela brilhante no céu, que os levaria até ao lugar onde o Filho de Deus nasceria. Babuska ficou muito entusiasmada com a história, e o Magos convidaram-na a segui-los até Belém. Babuska aceitou de imediato, contudo… ainda havia muito para arrumar, e queria também preparar uns presentes para o menino, pelo que sairia de casa mais tarde, e os apanharia mais à frente.
E assim foi, os Magos agradeceram e partiram, e Babuska retomou os seus intermináveis trabalhos e preparou os presentes para o menino.
Contudo quando Babuska saiu de casa, a neve já não permitia ver o rasto dos Magos e começou a caminhar sem ver o caminho… Babuska nunca encontrou o menino, e nalgumas tradições populares, diz-se que Babuska continua a vaguear pelo mundo, e todos os natais vai deixando presentes a todas as crianças, na ânsia de encontrar o verdadeiro menino Jesus.
Neste Natal, desejo que sejam como aquele empresário e, tocados por Babuska parem a fábrica da vossa vida atarefada, e que acedam ao convite do espírito de Natal.
Deixemos de ser como Babuska, presa às pequenas coisas da vida, esbanjando o bilhete grátis para a grande viagem da vida.
Todas aquelas horas perdidas em pequenos telefones, que fingem ser a ligação para um mundo inteiro, são apenas falsos rastos na neve que nos fazem ficar perdidos... Todos aqueles dias perdidos em discussões e guerrilhas, onde julgamos arrumar com os nossos adversários numa prateleira, apenas farão com que quem nos apoia não espere mais, e parta à frente...
Numa mesa cheia de pessoas, caberá sempre mais uma pessoa, mas numa mesa onde falte quem já partiu, por mais pessoas que adicionemos, faltará sempre alguém! Por essa pessoa que falta, todos trocariam todos os dias perdidos nas tarefas inúteis da vida, para encontrar um segundo caminho para mesa onde essa pessoa já esteve!
Por isso, não sejamos ‘’velhinhas’’ atarefadas, larguemos tudo e partamos…porque já é Natal!
Ricardo Jorge Neto
Endereço: R. do Sardoal 151B, 4810-546 Guimarães
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