13/02/2025, 2:00 h
331
Destaque Editorial Álvaro Neto
EDITORIAL
Por Álvaro Neto (Diretor da Gazeta de Paços de Ferreira)
O debate sobre a economia deverá ser conjugado com o debate da distribuição da riqueza produzida pelos intervenientes no processo produtivo.
Mas, normalmente, não é isso que se faz.
Isso não se faz, porque não interessa a uma das partes nesse processo produtivo.
E não interessa, por sinal – sem qualquer espanto – à parte mais forte, que é constituída pelos detentores do capital, mais conhecidos por patrões.
Patrões e trabalhadores desempenham um papel fundamental no processo produtivo (produção de bens ou serviços).
Mas estes dois grupos exercem cada um o seu papel numa posição da desigualdade.
Os patrões exercem-no numa posição de poder e os trabalhadores numa posição de subordinação.
Recentemente, surgiu uma movimentação que pretende mistificar esta desigualdade.
E vai daí, passou a chamar colaboradores aos trabalhadores.
Mas a realidade não se transforma pela simples alteração das nomenclaturas.
Mas não deixa, de se ir alterando, na prática, pelo não exercício do poder reivindicativo de uma delas – os trabalhadores – que assenta fundamentalmente na actuação coletiva.
Para firmar o individualismo e abandono do conceito de classe outros factores vêm contribuindo.
Assim as consequências são inevitáveis.
A percentagem do PIB (produto interno bruto) que os trabalhadores recebem (em ordenados e salários) não aumentou desde 2010 (em 2010 36,9% do PIB; em 2023 36,3% do PIB), apesar do seu número ter aumentado em 400.000 e é inferior à dos patrões apesar destes serem 6% do total dos trabalhadores.
Apesar do PIB ter vindo a aumentar, o crescimento da economia é notícia largamente difundida- a sua distribuição é cada vez mais largamente desfavorável a largas camadas da população portuguesa.
Há cada vez mais um Portugal pobre, de mão estendida ao Estado, ao mesmo tempo que aumentam os lucros das grandes empresas para valores obscenos.
Que fazer?
Bastará, como proclama uma alta individualidade: “Não podemos desistir nunca de criar mais riqueza, mais igualdade, mais coesão, distribuindo essa riqueza com mais justiça”?
O caminho será por aí? Como?
ASSINE A GAZETA DE PAÇOS DE FERREIRA
Opinião
17/08/2025
Opinião
13/08/2025
Opinião
11/08/2025
Opinião
10/08/2025