08/06/2022, 0:00 h
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Hoje (06.06.2022) vai decorrer/está a decorrer no Reino Unido uma moção de censura a Boris Johnson e ao seu governo, proposta (pasme-se!) pela sua própria bancada/partido. Tem que ver com os escândalos do "Partygate" — as festas em Downing Street durante os confinamentos da pandemia. Quem estiver mais atento não achará esta situação anormal no Reino Unido já que, recorde-se, Theresa May sobreviveu, em 2019, à moção de censura que poderia afastá-la da liderança do Partido Conservador (por apenas 19 votos) mas ainda assim se viu forçada a renunciar apesar de ter superado uma essa mesma moção de censura e Boris Johnson chegou ao poder de modo triunfal.
À hora que escrevemos estas palavras não sabemos o resultado final e muito menos as repercussões que terá a votação seja ela a favor ou contra Boris Johnson. Também não é isso que mais nos interessa. O que é verdadeiramente importante aqui é o princípio de integridade subjacente à questão. É a forma como a classe política se deve posicionar perante os seus eleitores e o seu país.
Façamos todos o exercício de transportar esta situação para o nosso país. Acham possível alguma vez isto acontecer? Quantas vezes todos já vimos acções ou palavras de políticos (nomeadamente nos governos) que pensamos serem inexplicáveis e merecedoras de censura? Quantas vezes vimos nas notícias as relações alegadamente mais ou menos perigosas entre políticos e outras áreas (podemos falar do futebol, escritórios de advogados, grandes grupos económicos …) merecedoras de grande censura e nada é feito? Quando se sabe que deputados marcam o ponto por outros que não aparecem, não deveriam ser expulsos? Quando se sabe que deputados “alteram” os seus currículos para acederem a determinadas posições de carreira, não deveriam ser expulsos? … … … … …
Independentemente do resultado que sair da moção de censura no Reino Unido, pensamos que era extraordinário que o nosso país olhasse para esse exemplo. São situações deste tipo que verdadeiramente definem um país, que definem a democracia de um país, que, em última instância, definem que tipo de pessoas somos ou queremos ser.
Oscar Leal (Vice-presidente do CDS de PF).
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