02/02/2024, 0:00 h
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Educação Opinião ROSÁRIO ROCHA
EDUCAÇÃO
Por Rosário Rocha (Professora do AE Frazão)
COMENTÁRIO EDUCAÇÃO
Vida complicada
Já referi várias vezes que não é fácil ser pai hoje em dia. Os progenitores trabalham muitas horas fora de casa enquanto as crianças ficam entregues ao serviço de instituições, onde também se enqudra a Escola. Quando pais e filhos regressam a casa, poucas são as horas que se partilham e, essencialmente, poucos são os momentos de qualidade. E, em virtude dos afazeres dos pais, no pouco tempo que estão juntos, tenta-se compensar os filhos, deixando-os ou dando-lhes o que querem. Não há tempo para educar, para partilhar valores, então vai-se pelo caminho mais fácil.
Responsabilidades parentais
Mas os pais continuam a ter a responsabilidade principal na Educação dos filhos. É-se pai para a vida toda, e os filhos serão filhos toda a vida. Quando os filhos não têm a educação certa, é toda uma sociedade que pagará por tal facto, mas os principais danos serão para o próprio e para os que o rodeiam.
Atualmente as instituições de ensino dedicam uma parte do tempo a tentar minorar a falta de educação parental, e muitas vezes a tentar remar para o lado oposto. Isso é desgastante! Todos os dias há situações entre alunos, ou entre eles e os adultos que evidenciam falta de valores, de regras, e nomeadamente o decrescente desrespeito para com o próximo. Isso quase passa ao lado da maioria, excepto quando acontecem situações bárbaras, como alegadamente terá acontecido numa escola de Bragança, e que foi noticiado nos órgãos de comunicação social.
Os pais são responsáveis pelos filhos enquanto estes são menores!
Evolução dos tempos
Ora, longe vão os tempos em que nas escolas havia reguadas (e por aí fora) para quem se portava mal ou não sabia. E quando chegavam a casa, os miúdos não contavam, pois ainda levavam mais!
Ainda bem que longe vão esses tempos...
Novos tempos chegaram, mas passamos do 8 ao 80. Que miúdos estamos a criar?
Ora, atualmente, e pela minha exepriência pessoal, as crianças chegam a casa e sabem que terão toda a proteção dos progenitores. Assim, alguns aproveitam para contar as coisas más que lhes aconteceram durante o dia, e as maldades que sofreram dos colegas, ou dos adultos da escola: a professora ou a funcionária que castigou injustamente, que ralhou com ele, que não lhe deu a atenção suficiente...queixas que são ouvidas e logo consideradas verdadeiras, porque os nossos filhos não mentem!
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Então, por qualquer incidente, lá vamos nós pais inquirir o professor, funcionário, ou ainda pior: os alunos, à saída escola, no autocarro e afins.
Damos toda a proteção àquele ser especial que é o nosso filho, pois o nosso Amor é enorme por ele e não queremos nunca que se sinta infeliz, nem que tenha contrariedades.
Que sociedade teremos?
Teremos uma sociedade frágil, revoltada, doente...Criamos crianças superprotegidas, que só fazem o que gostam, que não conseguem ouvir um não, que não aguentam uma contrariedade. E como serão quando forem adultos? Serão fortemente marcados pelos valores da infância e da juventude. Serão provavelmente adultos frustrados e não facilitarão a vida a quem com eles convive. Não assentarão em qualquer emprego, pois o trabalho não lhes agradará, nem aceitarão nenhuma chamada de atenção do chefe (afinal ninguém manda neles); entrarão constantemente em conflito com os colegas, pois são os donos da razão, e chegarão a casa onde desabafam sobre as maldades que lhes aconteceram nesse dia...mas infelizmente os pais não podem ir ao emprego questionar o que aconteceu, nem tirar satisfações com os colegas e o patrão. E estes pobres adultos serão uns injustiçados neste mundo!
E serão infelizes, certamente. Sofrem na pele o facto de serem adultos pouco integrados, pouco amados, porque não há pachorra para os aturar.
Educação parental: precisa-se!
É urgente! Quem ama, educa! Dizer "Não" também é sinal de Amor. Contrariar, ensinar a reagir às adversidades, superar, chorar...tudo isso faz parte do crescimento.
Não se prepara para a vida guardando as crianças dentro de uma redoma. A vida ensinar-lhe-á da pior maneira, quando não são preparados para ela.
Não sei como vamos alterar esta problemática, mas alguma coisa temos que fazer!
É necessário que as Famílias e Escola cumpram o seu papel, ainda que eles se complementem. É urgente que a Família entenda que não manda na escola (e não passe essa ideia aos miúdos), e que a Escola e o Estado, em geral, entendam que têm que arranjar estratégias para que os Pais cumpram a sua função.
Não sei como, mas é imprescindível promover a Educação Parental, para potenciarmos uma Sociedade futura mais saudável.
Infelizmente não pude ser mais transparente na minha opinião, e o texto até pode ser um pouco confuso, por vezes. Mas que seja um alerta. Noutro dia vi uma frase, que não retive bem, mas que dizia algo do género: antes visitar o meu filho uma semana no hospital, do que uma vida inteira na prisão.
Ora, saibamos educar, mesmo não sendo fácil...
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