17/10/2023, 0:00 h
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EDUCAÇÃO
Por Rosário Rocha (Professora do AE Frazão)
COMENTÁRIO EDUCAÇÃO
Hoje vou escrever sobre um tema que embora não se centre propriamente na educação, não deixa de a abordar.
Já várias vezes me referi que o trabalho de um professor já ultrapassou há muito o simples (ou complexo) processo de ensinar. Há uma série de preocupações que hoje em dia os miúdos levam para a escola e que é preciso gerir pois a parte emocional dos alunos é essencial para que estejam em condições propícias à aprendizagem.
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Famílias “disfuncionais”
Cada vez mais na caracterização das turmas percebemos que as famílias são “disfuncionais”. Esta palavra serve para imensos contextos, mas hoje vou-me centrar essencialmente nas famílias cujo agregado familiar não engloba os dois progenitores, devido a situações de divórcio do casal.
O professor vai tendo que “medir” os comportamentos que essa situação acarreta. É muito visível que os miúdos estão frequentemente no meio de uma guerra de forças entre dois lados, que não deixam de ser o Pai e a Mãe. Em crianças de tenra idade, em que qualquer um dos pais é uma referência, não é fácil de um momento para o outro ser bombardeado com críticas e com uma panóplia de defeitos apresentados de um contra o outro progenitor.
E todos estes comportamentos dos adultos acabam por afetar a parte emocional das crianças, e por consequência a parte escolar.
Penso eu que é urgente que haja educação emocional para que os adultos mudem comportamentos e para que os pequenos cresçam e não repitam os mesmos erros. É importante que se rompam paradigmas de que as relações têm que ser para sempre (ainda que o possam ser). É urgente educar para que hajam relações saudáveis e que cada indivíduo não é de ninguém, até para evitar os inúmeros assassinatos que se continuam a ver.
O meu pai usa uma expressão que retenho: “mais vale um dia feliz, do que uma vida inteira infeliz”.
Considero que é urgente romper a tradição pesada da história em que se usava o “para sempre”, sabe Deus a que custo, muitas vezes…
Histórias tristes…
Infelizmente, já me contaram muitas sobre o assunto. Vou convivendo com elas porque nessas histórias entram os mais frágeis: os filhos.
Os filhos são o alvo de arremesso muitas vezes; são a bola que é chutada de um lado para o outro. São os que deveriam ter dois progenitores com responsabilidades de adultos! Responsabilidade partilhada de os educar, de os sustentar, de suprir as suas necessidades básicas, onde entra o Amor e o acompanhamento da vida.
Mas, infelizmente isso nem sempre acontece. E, no caso de um divórcio, não havendo guarda partilhada, os filhos ficam ao encargo de um progenitor. E o que acontece, frequentemente, é que o outro se esquece que tem filhos e que tem uma panóplia de deveres a manter, pois continua a ser progenitor.
E, vergonhosamente, muitas vezes tem que ser a justiça a relembrar os deveres.
Com a separação entre o casal, os filhos não deixam de comer, não deixam de estudar, não deixam de ter uma vida a seguir e necessidades que é preciso assegurar.
Contaram-me uma história, além das que eu assisto, em que um progenitor se “esqueceu” das responsabilidades e foi interpelado pela filha, que poderia ter que deixar de estudar, caso não fosse ajudada. A resposta que recebeu foi: “esse é um problema que não é meu!” Como não???
Para concluir, tendo em conta que cada vez há mais filhos com pais separados, apenas quero que pensem bem nas atitudes que tomam: filho é para sempre!
O desenvolvimento deles, a educação, a saúde, a estabilidade emocional são tão importantes para que sejam adultos funcionais e bem resolvidos!
O papel dos dois progenitores é fundamental para lhes assegurar um futuro promissor e quem não quer o melhor para os filhos? Não comprometam esse futuro por causa de egos inflamados ou magoados… É imprescindível que coloquem os filhos fora das teias pessoais de mágoas e vingançazinhas…
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