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Gazeta Paços de Ferreira

10/02/2022, 0:00 h

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CONFISSÕES (II) AMOR/ÓDIO

Opinião

Terminei meu último artigo, dizendo:

“Hoje, confesso que o que me irrita solenemente, é encontrar, pela frente, alguém pior do que eu! Até parece que vivemos na Idade do Ódio”!

Dissequemos este assunto.

É evidente que não houve, ao longo da História, a chamada “Idade do Ódio”. Como também não houve a “Idade do Amor”. Amor e ódio são sentimentos inerentes à condição de Ser-humano. Existem desde que o homem é homem. Desde o “Australopiteco Africanus” (animal hipotético que, de acordo com alguns antropólogos, teria sido a ponte entre o macaco e o homem. Terá aparecido na África do Sul há mais de 3 milhões de anos. Propositadamente, ponho de lado o Australopiteco natural da Etiópia – cujo nome agora não me recordo – e este, sim, terá sido o primeiro macaco da família dos orangotangos, chimpanzés e gorilas, que se caracterizavam pela ausência de cauda e mais se assemelhavam ao homem. Estes terão aparecido à face da Terra, na Etiópia, sensivelmente, há 3.500 milhões de anos).

Amor/ódio são duas faces da mesma moeda. São duas paixões contraditórias, mas que se entrelaçam, porque correspondem ao processo biológico da vida humana. Isto pode ler-se em qualquer “ensaio ou tratado” de Antropologia, Psicologia e Sociologia.

Lembro que falei na “Idade do Ódio” a propósito do artigo sobre a guerra. No caso concreto, sobre a “Guerra do Ultramar” que eu vivi por dentro. Ora, se eu amo a Paz, obviamente que odeio a guerra! Cá está o verso e reverso da mesma moeda. Odiar, num caso de guerra, é, como disse nesse artigo, uma forma de “defesa pessoal” ou “instinto animalesco de sobrevivência”. Só quem “passa por elas” compreende verdadeiramente o significado destas expressões. Destas paixões esquizofrénicas. Deste amor/ódio.

Portanto, penso ter deixado claro que todo o Homem ama e odeia, muitas vezes em simultâneo, a mesma coisa ou a mesma pessoa.

Amo a Pátria, odiando a guerra. Mas tenho que fazer guerra, por amor à Pátria.

Com efeito, nem o próprio Jesus Cristo, símbolo máximo do Amor e do perdão (deixarei de ser cristão se um dia deixar de acreditar nisto) nem Ele ignorou totalmente o ódio, embora o ódio salutar e justo. Então, não é verdade que Ele expulsou, arrebatadoramente indignado, os vendilhões do templo e amaldiçoou os escribas, os fariseus e os hipócritas, chamando-lhes serpentes, raça de víboras, por terem feito da Sua Casa um covil de ladrões?!  Estas palavras podem ler-se no Evangelho de S. Marcos, XI, 15-17.

In illo tempore, fazia-se do templo um mercado. Hoje, vai-se um pouco mais longe: vendem-se templos e anexos com recheio e tudo! Como chamaria Cristo a esta gentalha? A estes agentes imobiliários de bens sagrados?

Fiquemos, então, por hoje, com esta:

Não há amor sem ódio. O amor sem ódio é mentira. Vivemos num mundo de hipocrisia…

Continuação no próximo nº

 

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