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Gazeta Paços de Ferreira

23/11/2024, 13:10 h

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OPINIÃO POLÍTICA

Marcelo Rebelo de Sousa só apelou ao apuramento de responsabilidades e à aplicação de consequências, "doa a quem doer", após 11 mortes relacionadas com a greve do INEM.

Por Filipe Rodrigues Fonseca (Engenheiro Informático e Militante do Livre)

 

Apesar de utilizar a famosa frase relacionada com o assalto a Tancos, o Presidente da República agiu de forma muito diferente do usual.

 

 

Conhecido por habitualmente comentar a situação política atual e criticar as posições do governo, desta vez Marcelo apresentou uma postura mais adequada a um Presidente da República: pediu calma e celeridade na resolução do processo e, ainda, falou na necessidade de averiguação de responsabilidades políticas. 

 

 

A maturação do comportamento de Marcelo não foi gradual. 

 

 

Aquando da nomeação de Montenegro como Primeiro-Ministro (PM), o Presidente mudou radicalmente de postura. 

 

 

Desde que foi eleito, em 2016, Marcelo sempre agiu como comentador político. Em certas alturas, o próprio Presidente era a principal oposição ao governo de António Costa, demonstrando posições tendenciosas, mais habituais em comentadores mas não comuns no representante máximo do país. 

 

 

Se anteriores Presidentes obtiveram influência de decisão por falarem poucas vezes ao país, Marcelo nunca abandonou o seu estilo de comentador. 

 

 

Se houvesse dúvidas sobre a falta de parcialidade do Presidente, as mesmas foram dissipadas após a demissão de António Costa no ano passado. No dia em que o ex-PM apresenta a sua demissão, Marcelo decide fazer um “passeio noturno”, exacerbando o espetáculo político em vez de garantir segurança ao povo português. 

 

 

A eleição presidencial de 2016 viu uma vitória esmagadora de uma candidatura (teoricamente apartidária) que ganhou apreço do povo graças ao espaço de comentário de Marcelo. 

 

 

Desde então, criou-se uma porta giratória entre o comentário e a política, usando o comentário, ou para promoção pessoal para atingir cargos políticos ou como refúgio nas pausas ou no fim da carreira política.

 

 

Este ano, Sebastião Bugalho é um desses exemplos: saltou de comentador (mentirosamente) isento para cabeça de lista da AD nas eleições europeias, mesmo com enorme défice de competências em assuntos europeus.

 

 

Uma boa capacidade de análise e escrutínio político não significa sensatez na exerção de poder.

 

 

Com a possibilidade de Luís Marques Mendes ser o candidato da AD para as presidenciais, o país corre o risco de repetir a escolha de um atual comentador para Presidente. 

 

 

O que garante aos portugueses que, caso eleito, Marques Mendes também não ocupará uma posição de oposição em vez de isenção a um governo com quem não concorde politicamente?

 

 

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