07/02/2025, 2:00 h
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Educação Opinião ROSÁRIO ROCHA
EDUCAÇÃO
Por Rosário Rocha (Professora do AE Frazão)
Nos últimos anos, surgiu o termo “Bullying” e passou a ser usado de forma sistemática. Ouvimos com frequência alunos a dizer que são ou foram vítimas de bullying e se questionarmos os pais, estes ainda enfatizam mais situações.
Ora bem, considero que apesar das ações de sensibilização que se vão fazendo, o termo usa-se ainda erradamente. Fico com a sensação que nunca ninguém diz” O meu filho faz bullying”, mas dizem frequentemente “O meu filho sofre de bullying”. Não há quem sofra, sem haver quem faça, mas já lá iremos.
AGRESSÃO OU BULLYING
Agressões existem, frequentemente, em qualquer contexto, embora não devessem existir. Existem agressões psicológicas, verbais e físicas. Se estivermos atentos ao nosso redor, facilmente observamos agressões entre indivíduos. Se formos para o contexto escolar, também as observamos facilmente numa brincadeira, como, por exemplo, num jogo de futebol. Ninguém sabe perder, e um empurrão, uma rasteira intencional e outras situações do género acontecem. São aceitáveis? Não, mas sabemos que acontecem. Acontecem nos jogos de profissionais entre jogadores, e nem vale a pena falar da postura dos espectadores, que deixa muito a desejar.
Para se falar de bullying, as situações devem ocorrer de forma repetitiva, praticadas por um indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas. A intenção é agredir ou intimidar, causando-lhes dor ou angústia. Pode ser, assim, violência física ou psicológica e com intenção.
Em suma, agressão ou bullying são ambas formas de violência, mas a primeira não tem a intencionalidade da segunda. A primeira ocorre muitas vezes no momento e quase sem ser pensada, enquanto que o bullying ocorre com intencionalidade dirigida, por norma, a determinadas pessoas.
NÃO À VIOLÊNCIA
Devemos ser implacáveis na luta contra a violência. O caso do aluno que vimos a agredir uma criança que, por acaso, era autista, chocou-nos, porque vimos e foi inevitável não pensar: e se fosse meu filho? Foi um ato de violência sobre uma criança, não interessa a sua condição. Mas quase, tão ou ainda mais violento, foi percebermos que muitos alunos de telemóvel em punho filmaram, mas não houve um que tivesse a coragem de intervir. Como é possível? Com tantos alunos, como não criaram uma onda de defesa ao aluno a ser agredido? Como não agiram logo? Nem a seguir tiveram a empatia de ir ajudar o rapaz…
Que jovens e futuros adultos estamos a criar? Individualistas, sem dúvida. Mas, se pensarmos bem, eles provavelmente são o reflexo do seu ambiente.
Tanta violência doméstica e nunca ninguém se quer meter; vemos uma pessoa a ser insultada na rua, percebemos do lado que está a razão, mas quem se dá ao trabalho de intervir? Ninguém se quer meter, enquanto não for connosco. Vemos um funcionário ou trabalhador a ser maltratado e até pensamos: coitado! Mas quem intervém para chamar à atenção de quem está errado? Ninguém…não é connosco, não nos vamos meter!
Enquanto não funcionarmos como sociedade reguladora, continuaremos a ser individualistas e a dar esse exemplo aos nossos filhos.
Voltando às escolas… enquanto os pais só se queixarem porque os filhos foram agredidos, mas lhe puserem a mão na cabeça e justificarem as suas atitudes quando forem agressores, não vamos a lado nenhum. Isto acontece sistematicamente. As escolas até informam os Encarregados de Educação quando há agressões, mas é frequente que haja logo um rol de desculpas para a atitude do seu educando.
Tudo mudará quando os pais se unirem e chamarem à atenção dos pais que não sabem ser pais.
EDUCAÇÃO E RESPONSABILIDADE PARENTAL
Há muito que digo que é urgente haver educação parental. Vou-me sujeitar a ser criticada pelos pedagogos fofinhos, mas algo está a falhar. Podemos falar na Educação positiva aos quatro ventos, mas alguma coisa não está a funcionar.
Cada ser ter uma função na Sociedade. Aos Pais cabe a responsabilidade de educar os filhos e não de os meter numa redoma de vidro. Ser Pai não é dar resposta a todos os caprichos dos filhos. Ser Pai é orientá-los no caminho, ampará-los, mas também dizer NÃO!
Permitir e justificar as más ações dos filhos, é sujeitar-se a que no futuro recebam essas mesmas atitudes.
Os filhos não pediram para nascer. Precisam de Amor, mas também firmeza. E, voltando ao tema deste artigo, sendo os pais responsáveis pelos filhos legalmente até aos 18 anos, deveriam também ser responsabilizados pelos atos dos descendentes. Sempre que há atitudes reiteradas de violência por parte dos educandos, os pais deveriam ser responsabilizados seriamente. Quando isso acontecer com algum impacto, os progenitores vão assumir, nem que seja por imposição, os seus deveres de Educação.
Há uma máxima que deve ser tida sempre em conta: a minha liberdade acaba, onde começa a do outro.
Não podemos continuar a aceitar pais permissivos e irresponsáveis pois hoje mexem com os outros, mas amanhã poderão mexer com os nossos. Vamos agir como Sociedade reguladora. Algo tem que mudar…
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