30/09/2023, 0:00 h
1172
EDUCAÇÃO
Por Rosário Rocha (Professora do AE Frazão)
COMENTÁRIO EDUCAÇÃO
Segundo os dados conhecidos, haverá mais de oitenta mil alunos sem professor a uma ou mais disciplina. Há zonas do país onde a situação é muito grave, nomeadamente na zona de Lisboa e no Sul.
Medidas avançadas pelo governo
Para tentar colmatar esta situação, o governo alterou os requisitos para a docência, ou seja, o que é necessário para ser professor. Nalguns casos é suficiente ter créditos de disciplinas feitas no ensino Superior, sem ter concluído qualquer curso. No fundo, vários alunos a frequentar a universidade poderão dar aulas.
Outra medida prende-se com a vinculação de professores neste ano letivo, tendo vários entrado no quadro ao fim de mais de vinte anos. O grande problema é que este ano vincularam em zonas do país que lhes serão mais próximas, mas no próximo ano letivo serão obrigados a deslocar-se no país inteiro o que vai permitir, provavelmente, que ocupem as vagas da zona de Lisboa e Sul onde não há professores.
Resolver-se-á o problema?
Do meu ponto de vista, não! Mas vamos por partes.
Em relação aos requisitos para a docência…Ser professor exige pedagogia. Além de ser detentor de conhecimentos, é fundamental saber transmiti-los e fomentar nos alunos a curiosidade e a vontade de descobrir e aprender. É saber partilhar.
É verdade que algumas áreas, como a Engenharia, por exemplo, detêm bastantes conhecimentos a nível matemático. Mas saber e conseguir passar essa informação, conseguir que as crianças aprendam, é muito diferente. E é, por isso, que ser professor exigia requisitos específicos e fundamentais. É por isso que a parte pedagógica sempre foi tão importante como a parte científica.
E, paralelamente aos aspetos anteriores, há o fulcral: gostar de ensinar! Gostar de crianças e ter uma dose de paciência inesgotável!
ASSINE A GAZETA DE PAÇOS DE FERREIRA
Em relação à deslocação obrigatória de professores… Este ano muitos ficaram contentes por terem entrado no quadro, por exemplo no Norte, não muito distantes das suas famílias. Será que, no próximo ano, ao serem mandados obrigatoriamente para Lisboa ou Algarve, irão? Psicologicamente, como irão? Alguns, optarão por sair novamente do quadro e até desistir da profissão. Outros, tentarão ir, mas o ano será demasiado penoso a nível psicológico e monetário e as baixas médicas serão frequentes…Teremos professores doentes, o que não é bom.
É urgente uma solução
A educação e o ensino não podem ficar entregues a quem não tem vocação ou formação, pois o futuro da sociedade pagará cara essa fatura.
É urgente que se invista na carreira dos professores, que haja atratividade e compensação para que, quem tem vocação, a siga! Para quem já está, é necessário que lhe deem condições para a exercer. Uma solução possível, neste momento, passaria pela ajuda de deslocação e alojamento, à semelhança de outras profissões.
Por muito que se goste de ensinar, ninguém o faz com verdadeiro empenho quando no final do mês gastou todo o vencimento em alojamento e transporte, além de estar longe da família.
É importante que a Sociedade entenda o risco que se corre se nada mudar…é o futuro que está em causa!
Opinião
17/08/2025
Opinião
13/08/2025
Opinião
11/08/2025
Opinião
10/08/2025