25/05/2024, 11:09 h
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OPINIÃO
Por Filipe Rodrigues Fonseca (Investigador em Inteligência Artificial)
OPINIÃO
A Eurovisão sempre defendeu ser um evento apolítico que une os países através da música.
Apesar de anos passados já terem provado o contrário, este ano a participação de Israel, manifestações de artistas e a censura de algumas atuações demonstraram que a Eurovisão é, contrariamente ao pretendido, um dos maiores palcos políticos da Europa.
Em 1964, ano da adesão de Portugal ao evento, o mesmo ficou marcado não pela música, mas pelo protesto contra as políticas salazaristas e franquistas. Desde então, quase todos os anos ficaram marcados por questões políticas.
Com a expulsão da Rússia em 2022 do evento, resultado da invasão à Ucrânia, esperava-se também a expulsão de Israel com o escalar dos bombardeamentos e a ocupação de Gaza.
A entidade organizadora (EBU) decidiu não expulsar Israel, ato que provou ser a última gota de água.
Antes de os ensaios iniciarem, já as polémicas estavam instaladas. Israel foi obrigado a mudar a letra da sua música por conter marcas políticas.
A primeira semifinal do evento provou logo que o ambiente não era o de um festival de música. Para além do protesto à porta da arena, a conferência de imprensa dos vencedores da semifinal não poupou a organização.
Por outro lado, artistas de nove países (incluindo Portugal) anunciavam a condenação da participação de Israel no evento com queixas de censura, tendo sido inclusive proibida a expressão “cease-fire”.
Na final, a representante portuguesa viu a sua participação afetada por utilizar unhas pintadas com o símbolo da resistência Palestiniana, com a EBU a protelar o vídeo da participação portuguesa.
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Além disso, o público foi silenciado com um sistema de palmas falsas para cobrir o som dos protestos durante a atuação israelita.
O festival da Eurovisão foi marcado por protestos, censura e confrontos ideológicos.
Um dos maiores palcos políticos da Europa foi, ironicamente, inicialmente criado para ser apolítico e de união dos países. A edição deste ano provou ser uma espada de dois gumes. Se por um lado, a constante censura aos concorrentes apresentou várias falhas na democracia europeia, a resistência à mesma por parte dos concorrentes e público foi impossível de ignorar.
Sendo os jovens uma parte fulcral da contestação, há ainda uma luz ao fundo do túnel no combate ao autoritarismo.
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