Por
Gazeta Paços de Ferreira

31/01/2021, 23:26 h

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VAMOS FALAR DE DOENÇA MENTAL |O Luto

Margarida Barros

O luto pode ser definido como um conjunto de reações emocionais, físicas, comportamentais, sociais e religiosas que aparecem como resposta a uma perda, seja real ou simbólica. É um processo único, pessoal, necessário e não estático, inerente à condição humana. É a resposta natural à perda de qualquer pessoa ou coisa sobre a qual nutrimos afetos, temos vinculo.

Nesta época pandémica que atravessamos torna-se ainda mais importante falar sobre o luto. São inúmeras as famílias que não puderam realizar os rituais próprios do luto, que não tiveram oportunidade de se despedirem dos seus entes queridos.

Durante um processo de luto não patológico, podem existir diversas apresentações clínicas: sintomas físicos (vazio no estômago, aperto no peito, nó na garganta, fraqueza…); sentimentos como tristeza, raiva, culpa, choque, ansiedade, desespero, saudade, solidão ou até alívio; e, ainda, alterações do pensamento como descrença, negação, confusão, ruminações e até experiências de pseudoalucinações. Secundariamente, existem comportamentos como choro, insónias ou pesadelos, alterações do apetite, agitação, procurar e chamar o falecido ou visitar locais ou guardar objetos que o relembrem. Existem, portanto, diferentes formas de sentir e expressar o luto. Esta variabilidade emocional e comportamental não deve ser julgada pelo outro, mas sim normalizada e validada. Cerca de 80-90% dos enlutados ultrapassa a sensação inicial de descrença e, progressivamente, encara a perda como uma realidade, revelando resiliência neste processo. Quando o processo de luto fica bloqueado numa fase e não é finalizado e o enlutado permanece destroçado com impacto a vários níveis da sua vida, estamos perante um luto patológico que deve ser tratado recorrendo a especialistas em saúde mental.

Assim, nesta época natalícia, não deixem que as vossas perdas interfiram com a vossa representação e significado do Natal. Aproveitem para festejar com a família nuclear, com aqueles que estão presentes e vos são queridos e com as recordações do que já partiram. Deixo uma sugestão às famílias que estão em processo de luto: criem uma caixa de memórias - cada um escreve o nome da pessoa que perdeu em maiúsculas, e, em cada letra do nome, escrevem uma característica dessa pessoa (as crianças podem fazer um desenho), depois guardam tudo na caixa que podem expor junto às decorações natalícias.  Que as lembranças vos apaziguem a mente e o coração. Votos de umas festas felizes em segurança.

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