Não era este assunto que tinha para vos falar, até porque nas duas últimas semanas aconteceram várias coisas dignas de reconhecimento e de reflexão, mas este acontecimento ultrapassa qualquer um. Em 2020, este assunto tem tanto de vergonhoso como de evitável e, por isso, é tão importante não o deixar cair no esquecimento. Um fim de semana que podia relançar a luta pelo título (o que acabou por acontecer), fica marcado pelos insultos racistas a Marega, que acabou por deixar o relvado de Guimarães em protesto. A atitude corajosa e impulsiva de Marega foi de revolta, foi um murro na mesa. Mesmo com o apelo de colegas e treinador optou por não continuar. E não tinha de continuar. Porque nada justifica o racismo e nada o pode desculpar! Escusado será dizer que é necessária mão pesada. Estas atitudes têm de ser erradicadas. O futebol não pode ser isto. Também é grave ver que há quem encontre um “mas” para esta situação. Esta história não pode ter um “mas”, tem de ter um redondo ponto final. O futebol não tem cor, idade ou sexo. O racismo mata o futebol e o desporto em global e nós somos responsáveis por isso. O futebol é nosso e somos nós que temos de lhe dar continuidade. O futebol em Portugal não precisa de mais uma novela, de mais um prego no caixão. Fica também uma nota para a atitude de André André, que foi mau colega de profissão e mau capitão, porque não querer responder a questões extra futebol é plausível até certo ponto, mas este caso exigia uma posição de um protagonista do jogo, ao nível da braçadeira que carrega no braço. Hoje, juntos pelo Marega, amanhã por qualquer outro. Somos Todos Marega.
Pedro Queirós
