15/06/2021, 1:21 h
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As nossas ações dependem do que realmente queremos mudar na nossa vida. A quebra, a mudança de padrões, a pausa em viver a vida em rotina, em que todos os dias o relógio vai para o mesmo pulso, o anel para o mesmo dedo, o lado da cama em que se dorme não muda, o pequeno-almoço é sempre igual e mais umas quantas coisas permanentemente repetidas, dia após dia, pode mudar em muito a nossa vida.
Na maior parte das vezes, preferimos passar mais tempo fora do corpo. É mais fácil embarcarmos em rotinas tendo o dia controlado ao máximo. É mais fácil entrarmos em "modo automático", como lhe chamo, que significa tomar sempre o mesmo pequeno-almoço, trabalhar todos os dias no mesmo sítio, chegar a casa e desempenhar sempre as mesmas tarefas, deitar depois de tudo preparado para o dia seguinte e, assim, repetir tudo outra vez.
O tempo vai passando, as rotinas são absorventes, há alguma coisa que até nos tira o ar, mas não há tempo para parar e pensar nisso.
A rotina satura, falta algo e não sabemos o que é, tudo parece sempre mais do mesmo e, em vez de nos estimularmos com novas experiências e deixando as antigas para lá, preferimos o stress de resistirmos ao novo, ao futuro e reclamamos de que, dia após dia, as coisas vão deixando de ser iguais, as pessoas já não são iguais, as situações já não são iguais e todo o sofrimento, que envolve ver que, sim, de dia para dia, já nada é igual.
Há umas quantas células que morrem e outras que se diferenciam. Logo, todos os dias há mudanças celulares, ou seja, todos os dias há à modulação celular.
A grande maioria das relações com o corpo são mais ou menos um mural de lamentações, um mural de frustração, porque nunca está perfeito, nunca há as condições ideais para, nunca há a valorização, agradecimento e reconhecimento do potencial que se tem, das capacidades que tem, do que faz sentido para cada um.
Ou seja, pouco alinhamento com aquilo que se acredita, porque, na realidade, tantas vezes aquilo em que acredita foi o que lhe foi incutido e não o que vem de dentro, do seu interior, do seu auto-conhecimento.
Ao nos comprometermos connosco próprios estabelecemos uma promessa de nos amarmos e respeitarmos todos os dias da nossa vida. T
al não é egoísmo.
É amor.
O amor-próprio passa por nos responsabilizarmos por nós próprios, pela nossa vida, pelas nossas decisões.
Ao fazermos uma pausa na responsabilidade, que constantemente temos sobre os outros, tanto a nível pessoal como profissional, começamos a dar espaço para nós, começamos a colocar-nos na equação.
Ao reconhecermos o nosso lugar nas relações com os outros, tanto no campo profissional como no campo pessoal, ao entregarmos a vida dos outros a eles próprios, uma vez que, na maioria dos casos, ela não está nas nossas mãos, esvaziamos um espaço para que ele seja preenchido pela pessoa que precisamos de reconhecer, valorizar e cuidar: Nós. O nosso corpo.
E estabelecemos uma relação com o corpo para sempre, talvez.
Marta Gomes
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