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Gazeta Paços de Ferreira

20/07/2023, 0:00 h

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Atividades em tempo de férias

Educação ROSÁRIO ROCHA

COMENTÁRIO EDUCATIVO

Percebi que longe vão os tempos em que em casa dos avós ou de algum tio se juntavam os netos e primos todos e se divertiam com as mais simples brincadeiras. Hoje nem os irmãos mais velhos tomam conta. Estaremos a criar famílias incapazes?

Rosário Rocha

A escola já acabou e os miúdos e mais graúdos estão de férias. Como se ocupam eles?

 

Atividades de Verão

Cada vez mais há uma panóplia de oferta de atividades para ocupação dos miúdos durante as férias. Câmara, Juntas de Freguesia e ATL´s organizam atividades em que os pais pagam para que as crianças ou jovens estejam ocupados o maior tempo possível.

É bem verdade que muitos pais estão a trabalhar e principalmente os filhos mais novos não podem ficar sozinhos. Mas também há situações em que isso não acontece: um dos progenitores ou outro familiar até está em casa, mas as crianças são inscritas na mesma nas atividades.

 

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Instituições assumem o papel das famílias

Noutro dia fiquei a pensar em como a sociedade mudou e, provavelmente, não para melhor.

Na conversa com alguns pais, eles lá falavam na questão de terem que inscrever os filhos nas atividades, uns porque não tinham mesmo ninguém que ficasse com eles, outros porque até tinham mas ninguém os conseguia aturar tanto tempo. E pensei eu: que raio aconteceu às famílias?

Antigamente os pais, os avós, os tios…estavam ansiosos que a escola acabasse para poderem passar tempo com os miúdos. Hoje ninguém os atura? Como não? Não são deles?

Compreendo que seja importante para os miúdos a socialização com outras crianças e que eles precisam disso. Mas noutros tempos também era!

Percebi que longe vão os tempos em que em casa dos avós ou de algum tio se juntavam os netos e primos todos e se divertiam com as mais simples brincadeiras. Hoje nem os irmãos mais velhos tomam conta. Estaremos a criar famílias incapazes?

 

 

 

 

Será esta a melhor solução?

Pois, confesso que tenho andado a pensar nisto. Sei, por exemplo, que na minha escola há miúdos que lá continuam em atividades apesar de terem a mãe em casa, por exemplo, ou irmãos mais velhos. Sei que nalgumas atividades há miúdos que não têm vagas, porque há quase a ideia de que os prioritários são os filhos das famílias mais destruturadas, ou mais carenciadas. Pergunto eu: estamos a contribuir para solucionar os verdadeiros problemas?

Pois, penso que não. Acho, sinceramente, que se estão a desresponsabilizar as famílias, que se estão a procurar soluções mais fáceis, mas não a resolver o problema de base.

Do meu ponto de vista, é necessário que as instituições sociais insistam no acompanhamento das famílias, mas para desenvolver as competências parentais necessárias, para que a família volte a ser o alicerce.

 

 

 

 

Regresso ao passado

Nem sempre o regresso ao passado é mau. Neste aspeto era importante que se regressasse a outros tempos em que o sentido de comunidade era bem maior; em que se ficava com os filhos uns dos outros; em que se faziam atividades e brincadeiras em família tão simples como um piquenique num parque, um banho no rio, umas brincadeiras de faz de conta no terraço da casa. Mas, um tempo em que se partilhavam responsabilidades familiares e até de vizinhança, e se reforçavam laços.

Podem não concordar comigo, mas se eu tivesse poder de decisão, quem tem onde deixar os filhos não deveria poder inscrever os miúdos nas atividades de verão, nem no ATL.

Volto a frisar: é urgente que se desenvolvam competências parentais onde não as há, e que se devolvam as responsabilidades às famílias. Não se deve dar o peixe, mas sim ensinar a pescar…

Rosário Rocha

 

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