07/12/2022, 0:00 h
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Político, jurista, professor universitário, escritor. Foi Presidente da República entre os anos de 2011 e 2021, tendo anteriormente servido o governo com pastas ministeriais, nomeadamente na Justiça e negócios estrangeiros.
Distinto jurista nas áreas do direito penal, processual e constitucional, cuja obra está publicada em mais de 10 países, acrescentando na sua capacidade literária escritos sobre política, cultura, democracia, direitos humanos e cidadania a que acrescenta livros de poesia.
Ensaísta literário e cronista, foi conferencista sobre temas jurídicos, literários, políticos quer em Cabo Verde, Guiné-Bissau, Portugal, Brasil, Espanha, Senegal, Estados Unidos, Macau, México, Turquia, Japão, Angola, Áustria e Hungria.
Publicou: o silêncio acusado de traição; porcos em delírio; as sedutoras tintas das minhas noutes; em tempo de Natal e da morna, a mosca viajou gratuitamente na executiva; o albergue espanhol e a grua e a musa de mãos dadas.
Doutor Honoris causa na universidade de Lisboa; na universidade federal Ouro Preto; universidade Cheikh Anta Diop de Dacar; universidade Portucalense e universidade de Brasília; Medalhas Reitorais de Honra na República Checa; República Sérvia; Espanha e Guiné-Bissau; Ordem de Cavaleiro Lion D´Or de Nassau; Cidadão honorário da cidade Velha (património mundial); Agraciado com dois graus de ordens honoríficas portuguesas: Grande Colar da Ordem do Infante D. Henrique e Grande Colar da Ordem da Liberdade de Portugal; Grã Cruz da Ordem de Nª Senhora da Conceição de Vila Viçosa de Portugal; Distinguido com a condecoração da Ordem de Camões.
Tive a oportunidade e honra em o escutar em 1 de junho de 2018 no Palácio da Bolsa do Porto, aquando das comemorações dos 130 anos do Jornal de Notícias, apresentando o tema “A falar nos entendemos”. Cada palavra era como uma notícia de paz, de generosidade, revestida duma inatacável honestidade de processos.
Dizia: “cada palavra transporta como uma gota de água, a forma, a cor, o som e um sentimento de pertença … caminhada universalista e pluralista, eco e espelho da alma dum povo”.
… e continuava: “a língua portuguesa que se formou no caldo dos dias turbulentos da Idade Média, nascida nos escombros do Império Romano de um latim contaminado de outros falares e que se foi autonomizando da sua génese galaico-portuguesa a partir do sec. XII e ao longo do tempo se foi moldando através da consagração de homens e mulheres, como Machado de Assis, Camões, Fernando Pessoa, Papatela, Francisco Tenreiro, Odete Semedo, Miguel Torga, Saramago, Jorge Amado, Agustina Beça Luís, Sofia Mello Breyner, Mário Cesariny, Arménio Vieira, etc…etc…uma língua que é mestiça no seu andar, na sua musicalidade e no seu perfume”.
E faço questão de continuar a citar, até porque como refere Jorge Luís Borges: “a citação pode ter lugar por modéstia ou por orgulho. Por modéstia por se reconhecer que um pensamento que vem de outro nos contentamos em o reproduzir. Por orgulho porque é mais digno e cortês orgulharmo-nos das páginas que lemos do que as que escrevemos”.
Por isso continuo a citar do que resultou duma conferência que marcou de forma espontânea a imagem nobre dum silêncio acutilante que acudiu ao repleto e distinto auditório do Palácio da Bolsa: “língua oceânica presente nos cinco continentes de pessoas em viagem em busca de um sonho. Língua de dor, medo, opressão, desespero, mas também de liberdade, concórdia, esperança, fraternidade, solidariedade, democracia e cidadania. Língua portuguesa falada por cerca de 260 milhões de pessoas, a sexta mais falada no mundo, a quinta na internet e a sétima na zona Euro. Com mais de 121 milhões de utilizadores e a terceira no Facebook, calculando-se que nos próximos 40 anos haverá mais de 100 milhões de falantes de português, contribuindo para a diversidade cultural, artística, histórica, social e económica da humanidade.
E conclui com esta preciosidade descritiva: “ao contrário daquilo que Fernando Pessoa disse e que é uma das formas mais particulares de sentir a língua que amamos e cultivamos, a língua portuguesa não é a nossa Pátria. É sim a nossa Mátria no sentido que é a matriz de interpretar e cultivar o belo, o bom e o verdadeiro.”
Em setembro de 2017 a convite do então Sua Excelência Senhor Presidente da República de Cabo Verde e por intermédio do meu sempre amado “pai de afetos” Professor Doutor Manuel Sérgio, que também sei que comunga duma profundeza de sentimentos de estima e honradez pelo Professor Doutor Jorge Carlos Fonseca, a convite, dizia eu, me desloquei a Cabo Verde, tendo presente um grupo de formandos envoltos numa salutar competência no campo afetivo e atencional, composto por Professores de Educação Física, Treinadores, Docentes Universitários, Selecionadores nacionais, atletas olímpicos, magistrados, oficiais militares e outros, com base em algumas linhas temáticas no sentido de ver estimulado a promoção e capacidade de reflexão de ideias numa fórmula de aproximação da cultura científica á cultura humanista.
Também muito me honrei com o convite a participar no cortejo de doutorados que antecedeu o título Honoris Causa que lhe foi atribuído pela Universidade de Lisboa e ouvir a evocação proferida por Sua Excelência Senhor Presidente da República Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa em relação ao homenageado, proferindo palavras revestidas pelo mérito e culto dos valores fundamentais da humanidade. Alguém com inteligência, audácia, sagacidade penetrante, sede de conhecimento, probidade científica, talento pedagógico e finura no trato.
Agora e quanto à obra propriamente dita que me coube realizar um singular comentário, fui-me questionando a mim próprio se seria capaz de completar tamanha tarefa de subido rigor literário extremamente personalizado, resultante dum naipe de textos incorporados de imagens e planos metafóricos de referência … mas, desculpando-me pela humildade abusiva dum singelo crítico literário, sobraram as razões do respeito pela distinção com que se me revelam os traços da personalidade do autor que roça a fidalguia de trato, negligencia a apatia, fortalece o entusiasmo e acredita num mundo mais solidário.
Depois de ter lido, embora de forma apressada os conteúdos expostos na obra em apreço, resumi em algumas frases/chave o que me pareceu de forma mais fidedigna:
- Descoberta da fantasia;
- Sedutora fórmula de adormecer a amar;
- A magia duma terra cavada no coração de gente de nome feito ternura, humildade e futuro;
- O sentimento feito bandeira que se agita perante um silêncio anunciado;
- Da terra também renasce a vida entre os labirintos duma fantasia desordenada;
- Apaixonada fórmula de celebrar a beleza com nome de flor esculpida pela viagem do tempo;
- A apoteose da vida celebrada por um gingar de corpos no retorno à soberana jovialidade;
- A descoberta do amor por entre instantes que se convertem no eterno;
- O sentimento cravado de memórias feitas de gente apressada na procura da liberdade e sempre equipadas com a cor dum sorriso.
Como é evidente, a sessão terminou com o autor a pronunciar-se sobre os conteúdos mais abrangentes da obra, anotando as razões que se lhe afiguraram fundamentais para continuar a publicar obras de recorte internacionalmente reconhecido, não deixando de proferir umas das primeiras fontes do conhecimento referente à língua portuguesa, precisamente a palavra “A BOLA “nomeando o Jornal e alguns dos jornalistas, autores consagrados, que o tempo jamais deixará de evocar.
Logo recordei, que foi também ainda menino, no estudo das primeiras letras e ao colo de meus avozinhos que me criaram, ter lido essa mesma palavra escrita como título dum jornal que nos foi parar ao nosso salão duma grande casa de lavoura. Acrescento ainda a palavra MARIA, que surgia num bonito retrato estampado numa caixa de bolachas nas prateleiras da loja da senhora Casimira da venda!...
Por fim, ressalvo a honrada missão que me foi confiada, reconhecendo de forma pública a fidalguia de trato como Sua Excelência Ex Presidente da República, escritor, poeta e ensaísta e meu distinto amigo Professor Doutor Jorge Carlos Fonseca, cultiva as relações entre aqueles a quem confia, apurando uma seiva de princípios que lhe suportam a magistratura das nobres funções, visando a dignidade da pessoa e a autenticidade do cidadão!... Ainda trago peito a palavra que em Cabo Verde me ensinaram e para sempre fará parte do dicionário da minha existência: MORABEZA.
José Neto: Metodólogo de Treino Desportivo; Mestre em Psicologia Desportiva; Doutorado em Ciências do Desporto; Formador de Treinadores F.P.F./U.E.F.A.; Docente Universitário – Universidade da Maia; Embaixador nacional para a Ética e Fair Play no Desporto.
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