17/11/2024, 0:00 h
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OPINIÃO
Por Manuel Maia
Poderia escrever páginas e páginas sobre cada um dos itens supracitados, mas não quero massacrar os leitores, não tenho esse direito. Ademais, não me agrada nada escrever sobre este assunto, fico seriamente incomodado. Confesso, no entanto, que me agrada muito menos ver e fazer de conta; saber e esconder; ouvir e calar.
Vou, pois, juntar aqueles três itens num só: O CULTO DE IMAGEM. Este, só por si, engloba os outros. E vou fazê-lo, contando uma pequena história.
Quando fiz meu exame do 2º ano de Liceu, em Guimarães, meu pai ofereceu-me uma bicicleta. Tinha 13 anos de idade. Naquele tempo, anos 60, ter uma bicicleta, com esta idade, era como ter um carro aos 18 anos. O entusiasmo e loucura fazia com que eu prescindisse do transporte da carrinha do colégio e fosse de bicicleta para o Externato Sílvia Cardoso. Isto significa que apanhei muitas “molhas”. Ora, nessa altura, para podermos circular numa estrada nacional implicava termos uma licença municipal. Obviamente que tratei de obter essa licença. Entrei no Registo Civil, Departamento que ficava do lado esquerdo dos antigos Paços Municipais, virado para a Pensão Alão. Nesse tempo estava em voga Che Guevara, de modo que a rapaziada usava cabelo comprido e boina. Eu também usei. Quando entrei nessa Repartição esqueci-me de tirar a boina. Ao meu “esquecimento” chamou o funcionário “falta de educação”. Não discuti e dei-lhe razão. Quanto mais desculpas eu pedia, mais ele se empolgava. “Parece impossível, filho do Regedor e não conhece a pessoa que está ali”. Ali, pendurado na parede estava do lado esquerdo o retrato de Salazar; a meio um crucifixo, e, do lado direito, Américo Tomaz. Quando eu pensava que ele me iria apontar o crucifixo, não…! Apontou-me a figura de Salazar. Os outros, na mente do cavalheiro, eram meras figuras decorativas. Fazendo uma revisão pela História Universal, fiquei a saber, então, que todos os ditadores, sem excepção, praticaram o “Culto da Imagem”. Os Faraós, do antigo Egipto, bem como os Imperadores Romanos, não só obrigavam seus súbditos ao “Culto da Imagem”, como exigiam que fossem venerados como deuses. Aqui ao lado, na vizinha Espanha, Francisco Franco mandou construir “Valle de los Caídos”, onde se fez sepultar e, logicamente, venerar. Mais adiante, Napoleão Bonaparte que de simples cabo de guerra se fez Imperador (rejeitou ser coroado pelo Bispo. Tirou-lhe a coroa das mãos e coroou-se a si mesmo). Benito Mussolini, amigo íntimo de Adolfo Hitler, em nome da “raça puritana”, fizeram ao povo hebraico o que toda a gente sabe: o Holocausto (chacina em massa dos judeus e não só!). Mais além, na URSS, Vladimir Lenine, Josef Stalin e agora, Vladimir Putin, impõe, sem dó nem piedade, “o culto à personalidade”. Do outro lado do Atlântico Augusto Pinochet; Nicolas Maduro; Fidel Castro. No médio oriente Sadam Hussein; Mohamed Khadafi e, agora, Benjamin Netanyahu. E lá para o extremo oriente Mao Tsé-Tung; Pyongyang etc, etc, etc. Citar todos seria fastidioso, porque, infelizmente, meio mundo vive sob “mão ditatorial”, onde a frase, absurda, “La Loi c’est moi” ganha sentido.
Não vou dizer que o Prof. fosse um ditador, longe de mim tal ideia, mas fez-se esculpir, logo, alegadamente, pode ler-se neste facto “o culto à personalidade”. Esta escultura era impensável em Carvalhosa e em Freamunde, muito menos. Mas, aqui em Seroa…o povo é Bom!
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