13/04/2024, 0:00 h
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OPINIÃO POLÍTICA
OPINIÃO POLÍTICA
Há uma marca diferenciadora e inapagável nesta data, com a conquista da liberdade politica, da liberdade de expressão, da liberdade de organização, da democratização da sociedade, da descolonização, de avanços sociais importantes em direitos e conquistas relevantes.
Goste-se ou não da palavra Revolução, esta foi o início de um processo amplo, nas cidades, nos campos, nas sedes das instituições do Poder, tal como no casebre mais indiferenciado, no jornalismo como na música e na poesia, no espaço nacional como no estrangeiro.
Um país plural, mas unido e reencontrado colectivamente com a história, com o progresso, com os seus maiores, com os seus interesses mais profundos.
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Mas pouco após Abril de 1974 veio uma fase de refluxo, de perda de energia e de valores, fase que muitos de nós pensávamos ser fase de reequilíbrio, transitório, circunstancial, porto de chegada. Acenaram-nos com uma estabilidade baseada em princípios democráticos e europeus.
Mas não.
Calaram-se no espaço público as vozes corajosas, desde então sempre discriminadas.
A Revolução tornou-se apenas discurso anual, desfile folclórico comemorativo de uma data. Houve um apagamento completo da memória desses dias límpidos e felizes, em que se glosou a Liberdade, a Igualdade e a Solidariedade e que culminou na elaboração de uma Constituição considerada uma das mais progressistas do mundo.
Quando há dias simpaticamente me propuseram dar voz a um texto para uma edição comemorativa do 25 de Abril, hesitei e no fim delicadamente recusei. Do que se tratava?
Recordar um período de tempo de boas memórias, de recordação galvanizante, que pudesse ser pedagógico para os tempos presentes, na vontade de construir uma sociedade melhor, mesmo que tivesse de ser dito e identificados protagonistas falsos, orientações perversas, desvios sérios de um projecto sonhado? Estaria completamente de acordo.
Mas temi, que não sendo esse o propósito, quem procura fazer um balanço não rigoroso de décadas de retrocesso, sublinhando nelas virtualidades ou sucessos, encontrará plumitivos e escrevinhadores suficientes para fazer não uma, mas várias edições. Comigo não contam.
Alguns não perceberão a estratégia comemorativa do acerto de contas com a História. Ou a sua “higienização”.
Relembrar, valorizando, o 25 de Abril de 1974 e o período de transformações que se seguiu, sim, mil vezes sim.
Festejar, sob pretexto, as décadas de políticas e de governantes que com honrosas excepções serviram elites privilegiadas, e novos senhores disto tudo, criando uma alienação generalizada, uma desilusão profunda, uma manipulação miserável, que culmina na ascensão muito perigosa da extrema-direita, mil vezes não.
Para mim o 25 de Abril é como o vinho do Porto. Prefiro o puro e genuíno a um que seja falsificado. Na luta dos princípios e valores nos encontraremos no futuro.
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