De autogolo em autogolo, a cada 36 segundos, o marcador foi aumentando, até somar um resultado final de 149-0, a favor do Adema…
Ricardo Neto
O dia 19 de maio de 2023, ficará na história como a primeira vez, em que FC Paços de Ferreira e SC Freamunde foram despromovidos na mesma hora, sem que qualquer um deles estivesse a jogar.
Naquela noite de sexta-feira, o clube dos castores necessitava que o Marítimo não vencesse o seu jogo, contudo já nos últimos segundos da partida, num golo de contornos bizarros, para não chamar outro nome, os verde-rubros do Funchal garantiram a vitória frente ao Vizela e consequente despromoção do FC Paços de Ferreira.
À mesma hora, no Auditório Fernando Santos, na Casa da Cultura, em Freamunde, os associados dos capões votavam, positivamente, o encerramento da sua sociedade anónima, garantindo também desta forma a sua despromoção.
Ambos, praticamente no mesmo momento, viram os seus clubes relegados para a segunda, uns para a segunda liga, e os outros para a segunda distrital.
Ainda pelo concelho, o mesmo destino bateu à porta do GDC Ferreira, descendo pela segunda vez consecutiva, e à porta do ADC Penamaior.
Mas nem tudo são tristezas no concelho, o CRC 1º Maio Figueiró assegurou a subida de divisão, ficando ainda a aguardar por destinos parecidos, o Citânia de Sanfins FC, o CD Águias de Eiriz, e mais remotamente, o CD Leões da Seroa… e mais difícil ainda, quem sabe, o SC Freamunde (B), algo muito difícil e imprevisível…
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Mas no futebol não há impossíveis, e prova disso foi o encerramento da liga de Madagáscar em 2002.
Nesse ano o campeão malgaxe em título, o L’Emyrne, fez figura na Liga Africana dos Campeões e esteve muito perto de ser a primeira equipa de Madagáscar a entrar na fase de grupos da maior prova do continente africano.
Os malgaxes conseguiram eliminar o Olympique Moka, das Maurícias, e eliminar, na fase seguinte, os angolanos do Petro de Luanda, numa eliminatória disputada a uma mão em Angola, devido ao conflito na ilha de Madagáscar.
Na fase seguinte, os moçambicanos do Costa do Sol não facilitaram e o L’Emyrne caiu em Maputo.
Regressados a casa, o L’Emyrne teve um importante confronto para a liga nacional. Nesse ano, o principal escalão malgaxe foi constituído por 24 equipas, das quais quatro se apuraram para a fase final. Para além do L’Emyrne, marcaram presença nesta fase final: o rival Adema, o Antananarivo e o Ambohidratrimo.
Depois da eliminação contra o Costa do Sol, os campeões em título, receberam o Antananarivo com a obrigação de vencer, para na última jornada, frente ao Adema, poder renovar o título.
Acontece que, a poucos minutos do fim, o juiz da partida assinalou uma contestadíssima grande penalidade para o clube da capital, e assim o L’Emyrne acabou por perder o jogo, oferendo ao rival Adema o título nacional.
Na semana seguinte, em Toasmino, o campeão Adema recebeu o L’Emyrne, numa partida que, nos dias de hoje, daria lugar a muitos vídeos virais.
Já sem qualquer hipótese de vencer o campeonato, o L’Emyrne decidiu seguir uma estratégia imprevisível. A partida iniciou com a bola na posse do Adema, e na primeira recuperação de bola do L’Emyrne, estes fizeram o primeiro autogolo. Bola ao centro, e novo autogolo… os jogadores do Adema simplesmente não tocaram mais na bola. De autogolo em autogolo, a cada 36 segundos, o marcador foi aumentando, até somar um resultado final de 149-0, a favor do Adema…
O jogo valeu um record mundial ao L’Emyrne e ao Adema, mas também resultou em sanções ao L’Emyrne, castigo a jogadores, e uma suspensão de 3 anos ao treinador Ratsimandresy Ratsarazaka… que pelo menos aliviou o trabalho dos relatadores de rádio, ao não terem de dizer o seu nome!