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Gazeta Paços de Ferreira

31/08/2024, 11:37 h

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Será que estaríamos no pódio olímpico da inclusão?

Opinião Opinião Politica Juventude Socialista

OPINIÃO POLÍTICA

“A prática desportiva é um direito humano. Cada indivíduo deve ter acesso à prática do desporto, sem discriminação de qualquer tipo, em respeito aos direitos humanos internacionalmente reconhecidos no âmbito do Movimento Olímpico. O espírito olímpico exige compreensão mútua com um espírito de amizade, solidariedade e jogo limpo.” Carta Olímpica

Por José Eduardo Torres (Militante da Juventude Socialista de Paços de Ferreira)

OPINIÃO POLÍTICA

 

 

Este é um dos 6 Princípios Olímpicos Fundamentais que constam na Carta Olímpica, uma verdadeira ode à compreensão, solidariedade e sobretudo respeito entre atletas, dirigentes desportivos, espectadores num caminho comum de construção de uma humanidade que abraça as diferenças, mais inclusiva e mais igualitária.
 

 

Efetivamente, desde o seu início no passado dia 26 de julho, esta edição dos jogos que decorre maioritariamente na capital francesa tem sido marcada por algumas polémicas que demonstram que ainda há um longo trabalho a fazer para atingir a “liberté, egualité, fraternité”.

 

 

A antever um jogos olímpicos marcados por alguma polémica, a primeira iniciou-se na própria cerimónia de abertura com a representação do festim dos deuses pagãos do Olimpo, como veio posteriormente a público reiterar Thomas Jolly, diretor artístico da cerimónia, que causou bastante incómodo  por profanação.

 

 

No entanto, esta estava longe de ser a polémica mais marcante destes jogos olímpicos.

 

 

A 1 de Agosto, Angela Carini foi derrotada por Imane Khelif em 46s de combate gerando uma nova onda de fervor que expôs os polos mais discriminatórios e segregadores da sociedade que negavam a legitimidade da presença de Khelif na categoria feminina do boxe.
 

 

 

 

Porém esta polémica tem uma origem muito mais complexa que este combate, efetivamente foi iniciada pela International Boxing Association, em 2023, após a desclassificação de Imane Khelif do mundial de boxe,  desclassificação bastante turva uma vez que quer a IBA não clarifica que testes foram realizados, existindo até declarações contraditórias em que a IBA afirma que “as atletas não foram submetidas a nenhum teste de níveis de testosterona” mas a 5 de Agosto já afirma que “ os testes mostraram níveis elevados de testosterona”; quer que segundo o responsável pelo departamento de saúde da IBA Ioannis Filippatos só foram realizados a 4 atletas entre as centenas que competiam no mundial.
 

 

Vale ressalvar que por preocupações relacionadas com corrupção, má gestão financeira e indícios de tráfico humano, a IBA não é reconhecida pelo Comité Olímpico Internacional como reguladora da modalidade.
 

 

Contando com a defesa do Comité Olímpico Internacional que reconhece de forma indubitável o direito de Khelif a competir, a 9 de agosto, Imane Khelif ganha a medalha de ouro e afirma “sou mulher como qualquer outra. Nasci mulher e vivi como mulher”, sendo um verdadeiro exemplo de superação e de força.
 

 

Uma mensagem clara e forte de autoempoderamento, face a uma controvérsia que demonstrou que ainda estamos longe de quebrar com as barreiras dos estereótipos de género, da visão tradicionalista e supressora do que deve ser uma mulher manchando a  limpa imagem destes que foram os primeiros jogos da história com uma representação igualitária de sexos. A apimentar esta campanha contra Khelif esteve a transfobia com a qual Khelif foi bombardeada apesar de ser uma mulher cis, tornando clara a quantidade de ódio que ainda está presente contra a comunidade lgbtqia+.
 

 

Portanto, talvez nem a medalha de ouro, nem a medalha de prata, nem a de bronze nos seria galardoada, restam-nos mais 4 anos para continuarmos coletivamente a trabalhar para uma sociedade mais justa e mais igualitária aproveitando estas polémicas como uma importante lição para a construção deste caminho comum de luta pelos ideais de abril, contra o fascismo, contra a discriminação de qualquer tipo, caminho pelo qual os ideias olímpicos também lutam.

 

 

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