26/04/2025, 10:14 h
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Opinião Opinião Politica Partido Comunista CRISTIANO RIBEIRO
OPINIÃO POLÍTICA
Por Cristiano Ribeiro (Médico e Militante do PCP)
Septicémia - Infecção generalizada, que põe em risco o funcionamento global de órgãos essenciais e que pode levar à morte.
O cantor morreu. Dizem-nos que foi uma septicémia que o matou. Acredito. Mas estou certo que houve outras causas a montante.
A incompetência, por exemplo. A irresponsabilidade, outro. A negligência, outro. A ignorância. A descrença. Claramente tal como em outros casos mediaticamente de menor impacto, o que o matou foram as políticas de saúde deste situacionismo político anti-humano. Este universo de ausências, de desculpas, de vazios assistenciais. Esta fragilidade que expõe milhões a incertezas, ao destino e ao sofrimento. Esta punição exercida sobre os mais fracos, mais pobres, mais incultos.
As portas fechadas das unidades públicas assistenciais de emergência são um crime. E como criminosos deverão ser analisados quem permite o seu fecho, sejam decisores políticos, gestores, profissionais de saúde escalados. Os algoritmos de recurso às urgências públicas tal como estão são um crime. A falta de confiança do doente nas estruturas públicas de saúde e na resposta do Estado é um crime.
Uma Medicina distante das necessidades, e da segurança, e das dúvidas de utentes, não serve para nada, ou melhor, torna-se mera repartição pública, inodora e insípida, com filas de espera e horário de funcionamento burocratizado. As dificuldades reais no acesso aos serviços, fruto de estratégias privatizadoras, não podem ser pretexto para uma desarticulação desorganizada de programas e respostas, para um caos instalado sem rei nem roque.
O acima chamado situacionismo político tem na Saúde uma evidente responsabilidade. Que ninguém acredite que os mesmos, que, em dezena de anos, se alhearam das perspectivas de futuro possam, agora, redentoramente, encontrar soluções milagrosas.
A uma geração mais antiga de profissionais, que, globalmente, responderam a desafios importantes, invoco o reconhecimento do seu envolvimento emocional e profissional na sua actividade.
Às gerações mais novas de profissionais desejo que, no turbilhão de que padecem, saibam dizer NÃO a soluções fáceis e não se esqueçam dos compromissos éticos.
O cantor morreu. Quantos mais se seguirão?
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