Por
Gazeta Paços de Ferreira

17/04/2025, 9:48 h

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REYMONDA - OS PÉS DAS PEGADAS - XII

Freguesias Raimonda

FREGUESIAS

PAISAGEM E POVOAMENTO - CONTINUAÇÃO

Por Miguel Meireles

 

Por meados do século XX, o núcleo de S. Pedro contava com uma importante área, não cultivada, ocupada por MATO E ÁRVORES. Sempre dependente da constituição e aptidão dos solos, havia, em quase todas as situações,  conjugação de mato e árvores.  

 

As espécies mais frequentes da vegetação rasteira eram os tojos, os codeços, o trovisco, as silvas, o feto e a giesta brava. Quanto às árvores, o pinheiro bravo levava larga vantagem sobre o eucalipto. 

 

Embora notícias antigas e topónimos actuais - como sobreiral, carvalhido, soutelinhos ou outeiro -  indiciem, para data anterior, a proliferação de outras espécies,  qualquer delas, ao tempo,  já só existia, de forma dispersa e ocasional, nas zonas de eucalipto ou pinheiro. 

 

A distribuição no território destas áreas configurava manchas diversas, mas concentradas. As mais extensas ocupavam as cotas mais elevadas de relevo, com um ou outro prolongamento, que se insinuava pelos terrenos agrícolas. Algumas, de menor dimensão, encrostavam-se entre estes. Nos pontos mais elevados das parcelas cultivadas, abundavam testadas de mato.

 

Eram perfeitamente identificáveis três manchas, concentradas e extensas. 

 

Uma delas estendia-se pelo cume e vertentes do morro de S. Gonçalo e constituía a rectaguarda do povoamento no "sítio" da Costa Velha e nos lugares de S.Amaro, Barreiras e Soutelinhos. Era designada por "Cascalheira", provavelmente devido à pouca consistência das suas rochas,  que facilmente se fragmentavam e dispersavam pelas encostas.

 

A segunda mancha ocupava a vertente do mesmo morro, que, desde o lugar do Outeiro se alongava por E/SE, distendia-se,  de forma contínua, pelo monte Crastos, do núcleo de Parada, até aos domínios da freguesia de Sousela. Constituía a parte mais meridional do monte Calvelo e da serra de Campelos, bordejando os terrenos agrícolas dos lugares do Outeiro, de Groute e da Agra. O relevo apresentava sinuosidade suave e os terrenos, húmidos e luxuriantes, tornavam-se massa de granito no cabeço dos Crastos.

 

A terceira estendia-se, em forma de pequeno planalto, para lá dos lugares da Igreja e de Portelas. Ocupava a parte terminal do monte de S. Gonçalo, no seu prolongamento para SW, por onde a freguesia faz fronteira com as de Figueiró e Lamoso. Por W, tocava o pólo agrícola de Rosende e, por SE, a Estrada Nacional e as áreas povoadas dos lugares do Carvalhido e Tutinas. O solo era pedregoso. Uma área florestal densa contrastava com outra de dominância arbustiva e vegetação rasteira.

 

 

 

 

Qualquer destas manchas florestais ocupava áreas periféricas de S. Pedro e da freguesia.  Por qualquer delas passava a linha fronteiriça desta e eram elas mesmas que se impunham como verdadeiras fronteiras entre colectividades administrativamente autónomas. 

 

A sua preservação e, no caso da terceira, a cautela e relutância - expressas no processo de urbanização recente - em evitar ou ultrapassar a fronteira dão conta do papel que cumpriam como referenciais físicos de altereidade e como factores positivos da manutenção e reforço da identificação com o território e a comunidade de pertença. 

 

A par destas manchas de mato e árvores, periféricas e extensas, outras,  de menor dimensão, interpunham-se por entre as superfícies cultivadas.

 

Estão neste caso, as Matas de Groute, situadas no lugar do mesmo nome e com prolongamentos pelos lugares de Agra e Reguengo. 

 

Estavam envolvidas por terrenos agricultados e abundavam nelas as espécies arbustivas e arbóreas já referidas.  

 

A coincidência entre proprietários, que aí detinham alguma parcela, com os que eram donos das agricultadas contíguas, indiciava a complementaridade funcional que entre elas existia. O solo, saibrento e pouco rochoso, viria a facilitar acções de arroteamento e construção. 

 

Ao tempo, era ainda bem visível a ramificação que o antigo caminho de Parada, por elas fazia. 

 

Um dos ramos derivava para sul e entrepunha-se entre a mata e os campos de lavradio. Contornava o lugar da Agra, distinguindo-o do Reguengo, seguia para o do Rio e, por aí,  dava acesso ao núcleo de Parada. 

 

O outro "seguia" no sentido oposto. De forma pouco perceptível, sulcava o declive da Agra e ia desembocar no largo e lugar da Aldeia, também do núcleo de Parada. Por carreiros vários, dava acesso aos campos de cultivo que ocupavam a depressão.  

 

A Estrada Municipal que, em finais dos anos trinta, veio melhorar o percurso entre a Igreja e Parada, "cortou" as matas a meio, penetrando pelo ponto de bifurcação destes antigos caminhos.

 

 

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