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Gazeta Paços de Ferreira

12/07/2025, 0:00 h

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Rainhas

Cultura Opinião Ricardo Neto

OPINIÃO

As abelhas, quer pela sua organização comunitária, quer pela sua vital importância para os ecossistemas, foram desde sempre motivo de estudo e de admiração.

Por Ricardo Jorge Neto

 

Contudo até 1586, todos pensavam que uma comunidade de seres vivos tão bem organizada, só poderia ter como líder uma abelha macho, a abelha rei. Mas nesse ano, o entomologista espanhol Luís Méndez de Torres fez uma fantástica descoberta: quem lidera o enxame é uma abelha rainha… 

 

Foi uma evidência muito curiosa e fabulosa! Uma comunidade de seres vivos, que rege pela organização e não pela imposição do poder pela força, era liderada pelo lado feminino!
Quase 500 anos volvidos, o mundo continua a ser dominado pelo poder masculino e o resultado está à vista daqueles que querem ver: sociedades desorganizadas, injustas e desiguais. Estes factores agudizam-se quanto mais desequilibrados são os poderes para o lado masculino.
Prova disto é o facto de as mulheres poderem conduzir em qualquer país do mundo, há apenas 7 anos! Até 24 de junho de 2018, as mulheres ainda eram proibidas de conduzir na Arábia Saudita. 

 

Mas, curiosamente, as mulheres deram um grande contributo para o mundo da condução, como é exemplo a canadiana Florence Lawrence, que, em 1914, inventou os piscas. E talvez seja por este facto, que os piscas, apesar de serem importantes e obrigatórios, sejam demasiadamente ignorados ou esquecidos. 

 

 

 

 

Os mais ricos não dão piscas, talvez porque dar não é com eles. Os mais pobres não os colocam, talvez com medo de pagar. Nos carros da moda, os eléctricos, certamente ainda não criaram uma aplicação para os piscas. Os desconfiados não sinalizam piscas, porque ninguém precisa de saber para onde vão… Em suma, é complicado ver os piscas na estrada e nem me atrevo a entrar no capítulo das rotundas!
 

Florence Lawrence também inventou a indicação da travagem e é neste ponto que o mundo está ao nível dos direitos das mulheres. Se nos países menos desenvolvidos os progressos são tímidos, havendo até retrocessos, como no caso do Afeganistão, no lado dos países mais desenvolvidos temos assistido a um constante pisca para a direita, com consequências para as mulheres no futuro, como são exemplo as difíceis conquistas na liberdade de decisão sobre o seu próprio corpo, que hoje se encontram em risco.
 

No dia em que a Humanidade for uma enorme comunidade, que viva em perfeita harmonia, talvez um ser mais evoluído que nós se interesse por este planeta e verifique que, nesta enorme colmeia onde vivemos, esta seja governado por ‘’rainhas’’.

 

 

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