Populismo a naufragar ao largo da Madeira

Os resultados das eleições realizadas no arquipélago da Madeira no passado fim de semana, apesar de não deverem levar-nos à tentação de extrapolações precipitadas para as próximas eleições legislativas de 18 de maio, nem tão pouco para as autárquicas, devem, no entanto, fazer-nos refletir sobre aquilo que a população espera dos seus representantes políticos.

Os números deste ato eleitoral têm uma mensagem clara: os madeirenses valorizaram, acima de tudo, a estabilidade política. As escolhas foram orientadas pela recusa aos ciclos governativos curtos, incertos e instáveis. Embora não devamos estabelecer ligações diretas entre os resultados regionais e a realidade nacional, é inegável o que este sentimento reflete: os portugueses não queriam eleições legislativas.

Contudo, para que esta vontade dos cidadãos seja respeitada, é essencial que os responsáveis políticos coloquem sempre as motivações pessoais e partidárias em segundo plano, resistindo à tentação de utilizar a instabilidade e ciclos políticos curtos como forma de se manterem visíveis e ativos, em especial dentro dos próprios partidos.

Neste contexto, importa reconhecer que o populismo, estratégia, recentemente muito utilizada, é um dos maiores fatores de insegurança e instabilidade. Fenómeno que não é exclusivo dos partidos; pelo contrário, cresce o número de políticos que, na sua atuação individual, adotam uma abordagem populista, promovendo medidas imediatistas para captar votos, que, no entanto, pouco ou nada acrescentam a melhoria da qualidade de vida da população. Ao mesmo tempo, que assumem o papel de influencers, focados exclusivamente na gestão diária da sua imagem pública, esquecendo as responsabilidades para as quais foram eleitos. 

Neste sentido, que todos, sejamos capazes de efetuar uma leitura atenta do contexto político dos últimos meses. Pela minha parte, o compromisso é de todos os dias lutar pelo melhor para o nosso concelho.

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