PELA BOCA MORRE O PEIXE”

Os últimos dias têm sido extremamente interessantes no que á política diz respeito. Mais precisamente as questões entre o PM (primeiro-ministro) e o PR (presidente da república).

Antes de mais devo dizer que não votei no actual PM e votei no actual PR. Parece-me importante referir isto, porque, mesmo não tendo qualquer simpatia pelo PM, e tendo alguma pelo PR, acho que o PM deu uma lição de estratégia política ao PR.

Para os que sempre referiram a capacidade, inteligência, perspicácia e outros atributos ao PR, os últimos acontecimentos provam exactamente o contrário.

Todos sabemos que o PR gosta de falar, principalmente se tiver audiência. Ponham-lhe um microfone à frente e ele fala.

Nas últimas semanas, sempre que falava, referia os poderes que tinha e que não abdicava deles. Normalmente dizia que não os pretendia usar, mas, no fim, dizia sempre que os poderia usar. Foram incontáveis as vezes que se referiu a este assunto.

Surge o caso Galamba e o PR, ainda antes do PM falar com o dito, emite uma nota para todos a dizer que o dito deveria ser demitido. Se calhar confundiu os poderes e o PR também achou que seria PM. Estava confiante de que o PM lhe iria fazer a vontade.

Eis que, surpreendentemente, o PM vem a publico dizer que não. O Galamba fica e que quem manda no governo é ele.

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Está instalado o escândalo nos meios de comunicação, nas elites políticas e no publico em geral

. Como disse anteriormente, não tenho qualquer simpatia política pelo actual PM, mas reconheço que, neste caso, ele saiu por cima. Foi corajoso, soube fazer uma leitura do jogo político correcta e agiu em conformidade.

Ele sabia que o PR nunca faria o governo cair. O próprio PR, nas suas incontáveis preleções, foi dizendo que a oposição (leia-se o PSD) ainda não estava em condições de ser uma alternativa governamental. Ou seja, o nosso PR sempre foi e não consegue deixar de ser comentador político.

Desta vez exagerou. Empolgou-se e falou em publico aquilo que deveria ser dito em privado. Assim diz o que deve e o que não deve. O PM sabia disto tudo. Jogou forte e ganhou claramente. Colocou o PR no seu devido lugar.

Acredito que o PM tivesse intenção de demitir o ministro, mas viu a oportunidade de enviar um forte recado ao PR. Isso é que é um forte recado e não o que o PR veio dizer depois.

Oscar Leal (Militante do CDS de PF).

08/05/2023