Papel da nutrição na saúde reprodutiva

Já é amplamente reconhecido o impacto que o estado nutricional e o estilo de vida têm na nossa saúde. Contudo, ainda pouco se fala da importância destes dois fatores para a saúde reprodutiva de homens e de mulheres. É preocupante a diminuição na taxa de fertilidade da população mundial e o aumento da procura por tratamentos de fertilização. Atualmente já se sabe que a obesidade ou a magreza extrema, o stress, o sedentarismo e a má qualidade do sono são fatores associados a um aumento da infertilidade ou a desfechos gestacionais indesejados. Uma adequação do peso corporal, quando feita através de uma equilibrada estratégia nutricional, a mudança do estilo de vida e o fornecimento de nutrientes específicos pode melhorar tanto a frequência ovulatória quanto a qualidade do sêmen, aumentando a probabilidade de ocorrer a fecundação. Posto isto, é fácil perceber que não só a mulher deve melhorar os seus hábitos alimentares antes de engravidar, mas também o homem. Lembrem-se que 50% da carga genética vem do pai. Ao otimizar a sua nutrição é possível melhorar o perfil do espermatozoide (quantidade, qualidade e mobilidade) e contribuir positivamente para a fertilidade. De uma forma generalista, aquilo que os estudos mostram é que um padrão alimentar mediterrânico, pautado pelo consumo de frutas e verduras, peixe, carnes brancas, grãos integrais, sementes e frutos oleaginosos, aumenta o fornecimento de nutrientes antioxidantes que são fundamentais para a fertilidade. Porém, uma abordagem nutricional individualizada, onde é feita uma correta avaliação antropométrica e uma boa anamnese alimentar é fundamental para preparar uma gravidez saudável e feliz. A título de exemplo posso já partilhar que a suplementação com coenzima Q10 pode melhorar a fertilidade masculina, ao passo que a suplementação com selénio, pode melhorar a fertilidade feminina. É por isto, que não existe nenhuma dieta para aumentar a fertilidade mas sim uma abordagem totalmente individualizada para perceber o que temos de corrigir. Somos seres únicos e individuais e, como tal, devemos adotar uma alimentação totalmente personalizada a nós e aos nossos gostos.

Mafalda Pacheco Pereira

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