10/04/2025, 0:00 h
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Destaque Editorial Álvaro Neto
EDITORIAL
Por Álvaro Neto (Diretor da Gazeta de Paços de Ferreira)
No debate económico e político é interessante observarmos como argumentam as diferentes formações políticas e tentarmos distinguir aquilo que elas dizem daquilo que não dizem.
As formações políticas governamentais e aparentadas andam, neste momento, muito contentes com as contas públicas, pois apresentam um saldo final mais positivo do que era previsto pelo Governo
À primeira vista, seria caso para todos ficarmos muito contentes, pois um elemento fundamental da vida económica e política estaria a correr bem.
Seria o caso, mas não é.
E não é, porque as vantagens, deste saldo positivo das contas, não beneficia igualmente todas as camadas da população, nomeadamente os vários intervenientes no processo produtivo.
Na verdade este saldo das contas resulta fundamentalmente de valores de receitas fiscais, arrecadados por via de um crescimento da atividade económica, superiores aos valores das despesas efectuadas pelo Estado.
Assim, impõe-se saber, na base, na atividade económica, como são produzidos os rendimentos e como são distribuídos.
Como seria de esperar numa economia muito assente no turismo, como é a portuguesa, e a atrair estrangeiros com poder de compra, a pressão sobre os preços da habitação e de tudo o resto continuam a agravar as condições de vida de quem não consegue resistir à disparidade entre a subida de preços e a estagnação salarial
Na distribuição dos rendimentos das actividades económicas pelas empresas, pelo Estado e pelos trabalhadores, as empresas têm levado a parte de leão, nomeadamente, os grandes grupos económicos e os bancos.
Vejam-se, por exemplo, alguns dos aumentos obtidos por estes grupos económicos revelados recentemente. Socorramo-nos do Expresso na sua edição de 27.3.25:
“Empresas Sonae e JM somam lucros 782 milhões (…) a ganhar 2,4 milhões por dia”
Os outros intervenientes, nomeadamente os trabalhadores continuam a receber uma parte reduzida dessa criação de riqueza, traduzida em salários que, confrontados com os valores da inflação, sentem significativas dificuldades no seu dia-a-dia, e sem acesso a bens a que têm direito como cidadãos, por exemplo, a uma habitação condigna.
Como muito bem já sentenciou Luís Montenegro: “a vida das pessoas não está melhor, mas a do país está muito melhor”
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