06/10/2024, 0:00 h
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OPINIÃO
Por Joaquim António Leal
Incêndios. Morre gente. A uns tira-lhes a vida o despiste da viatura, a outros é a exaustão que lhes para o coração. Contudo, o caso que mais horroriza é o do trabalhador que foi recolher as ferramentas de trabalho junto ao fogo e ficou reduzido a cinza. Quem lhe terá ordenado que avançasse, apesar de a lógica aconselhar distância? Alguém ignorou o poder e perigos do fogo, ultrapassou limites, assim provocando o pior desfecho que se podia esperar.
Limites. Durante a Guerra Fria os dois grandes blocos – União Soviética/Estados Unidos da América com a Europa ocidental – olharam-se e trataram-se com respeito para evitarem a devastação nuclear do Planeta Terra. Não ultrapassaram as linhas vermelhas, e a Humanidade sobreviveu. Cada parte tratou de agir de maneira que a outra não se sentisse encurralada e, por isso, não avançasse para a destruição de tudo. Porém, recentemente, a NATO (diga-se, Estados Unidos e a Europa de que fazemos parte) quis testar os limites, verificar até que ponto podia amedrontar os russos, dominá-los, encurralá-los, como se fosse possível amansar um gigante com um chicote. Avançar com o peito à mercê das balas recordava-lhes o que aconteceu às tropas de Hitler quando invadiu o território soviético, por isso, à cautela, optou por um campo de batalha bem longe dos seus territórios, melhor dizendo, delegou a penosidade da guerra num povo que pouco ou nada tinha a ver com o assunto: a Ucrânia.
Agora, com centenas de milhar de vítimas a jazerem ensanguentadas em ambos os campos, não se pensa nem se fala em paz, em interromper a investida que testa limites, mas em esticar mais a corda, arriscando a que rebente. De momento já se fala em enviar mísseis de longo alcance e permitir que sejam utilizados para atingir a Rússia dentro das suas fronteiras, o que praticamente corresponde a uma declaração de guerra, envolvendo-nos a todos. Podemos até admitir (embora duvide) que os Estados Unidos da América mais os seus aliados ocidentais têm ao seu dispor mais poder de fogo que o seu adversário, mas isso não lhes garante minimamente a vitória. As armas detidas quer por um quer pelo outro lado são suficientes para destruir várias vezes o nosso planeta, e uma única vez é quanto basta para se acabar com toda a Humanidade.
Esta gente louca está prestes a ultrapassar todos os limites e, se tal se verificar, o Mundo Inteiro vai arder e não restará ninguém para limpar as cinzas.
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