21/12/2023, 0:00 h
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EDITORIAL
EDITORIAL
Natal de quê? De quem? / Daqueles que o não têm, /
ou dos que olhando ao longe/sonham de humana vida/
um mundo que não há? (1)
Estamos em pleno período de Natal, com festas, jantares, prendas, muita caridade, visitas aos velhinhos solitários, boas intenções, votos de amor, felicidade e… paz.
Mas neste período de Natal muitos não terão Natal.
Terão guerra, fome, opressão.
O menino de Gaza, que vê a morte ali ao lado, irá deitar-se não a sonhar com o Pai Natal e com a prendinha que lhe trará, mas com a bomba que lhe entrará pelo tecto, reduzirá o seu casebre a escombros, matará a irmãzinha mais nova e o deixará a sangrar e à procura de auxílio, que não virá.
Também o menino de África com barriga grande de fome não sonhará com o Homem das Alvas Barbas, que apenas lhe traria meia dúzia de migalhas dos tesouros escondidos nas minas do seu seco território que uns lá de longe – da Civilização- lhes vão levando, mas com o dia em que esses tesouros passem a ser seus e dos seus amigos de barriga grande, que, assim, poderão comer todos os dias.
Os detidos por delito de opinião, pela expressão de ideias não conformes ao pensamento único, pela afirmação dos direitos das mulheres, pela defesa da paz, mantidos nas Guantánamo deste vasto mundo, torturados, humilhados, Julian Assange, Narges Mohammadi e tantos outros/as, também não terão Natal, mas vigílias, protestos e abaixo assinados a exigirem a sua libertação.
O Natal será para outros
Apenas dois casos especiais.
Para as grandes empresas de armamento – o Complexo Militar e Industrial dos Estados Unidos da América e outros – que facturam milhões para suportar as guerras que os governos ao seu serviço vão fomentando um pouco por todo o Mundo. (Têm circulado, periodicamente, “notícias” a dar conta da “falta “de munições para “abastecer” exércitos, actualmente em actividade…)
As empresas da grande distribuição alimentar também não podem deixar de estar gratas ao “simpático ancião” pela oportunidade que lhes confere de encher, com mais uns milhões, os “sacos” com que diariamente enchem com os lucros das suas vendas, de modo a figurarem num lugar honroso na lista das empresas mais lucrativas, como a banca e as petrolíferas.
(1) Jorge de Sena, Natal 1971
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