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Gazeta Paços de Ferreira

27/04/2023, 0:00 h

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NAS MARGENS DA VERDADE

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OPINIÃO POLÍTICA

Mas há uma outra possibilidade. Haveria uma guerra surda no interior do aparelho politico-militar-institucional dos Estados Unidos, centralizada neste tempo histórico em dois pólos.

Um jovem militar dos Estados Unidos da América, de nome Jack Teixeira, membro da Guarda Nacional da Força Aérea, foi identificado como autor previsível de fugas de informações de documentos classificados dos Estados Unidos, ao que dizem, afetando a segurança nacional do País. Ele foi preso numa operação de encenação hollywoodesca por agentes do FBI em uniforme militar frente à sua casa no Massachusetts.

Essas fugas de informação tinham sido reveladas no seu conteúdo pelos jornais New York Times e Washington Post sem reservas. Pareciam particularmente importantes e eloquentes para se compreender a geopolítica, a guerra e o seu decurso. Eram (e são!) peças históricas fundamentais. Mas com a divulgação, qual o seu significado?

 

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Tenho dúvidas. Em primeiro lugar, no momento da sua publicação naqueles grandes jornais, a sua autenticidade foi posta em causa. O poder político (e não só) quis atacar a sua existência, com várias estratégias, que passaram de uma tímida recusa global da sua existência a uma pouco discreta tentativa de sublinhar uma possibilidade de manipulação parcial ou distorção de aspetos ou números aí expostos. Foi a narrativa policial de uma provável manipulação pela contra-informação russa. Mas claramente a verdade não se conformou com a narrativa.

Com a prisão do possível autor das fugas, muito pareceria explicado. Alguém dentro do sistema revelava segredos não publicáveis. Já não falo da estranheza pelo acesso aos documentos pelo jovem descendente de açorianos. Afinal o documento era genuíno, produto dos serviços secretos americanos, mas estaríamos apenas no campo da espionagem. Desviamos a atenção da mensagem para nos focalizar no mensageiro. O filo-açoriano tinha as costas largas. Contudo há explicações necessárias.

Os grandes jornais citados não se inibiram de publicar documentos obtidos ilegalmente, sabendo–se que esses documentos: 1) continham informações que contra-indicam ou se opõem às políticas governamentais do chamado Ocidente alargado; 2) afetam a credibilidade da própria linha editorial, dos jornais? Porquê?

Sabendo que as informações ai contidas “prejudicam” de forma grave uma certa visão unilateral que o leitor possa “dever” ter, seria natural que houvesse alguma reserva na sua divulgação. Tal não sucedeu.

Alguns acreditarão na tese do primado da liberdade de informação dos grandes médias nos States e no prestígio de uma informação genuína obtida na concorrência efectiva entre eles. É uma possibilidade.

Mas há uma outra possibilidade. Haveria uma guerra surda no interior do aparelho politico-militar-institucional dos Estados Unidos, centralizada neste tempo histórico em dois polos. Essas duas fações apresentariam duas opções para manter o mesmo rumo: a diabolização da Rússia e da China, transformados em inimigos incontornáveis, em ameaças militares e na economia e também a salvação do mundo unipolar dominante em que vivemos até agora.

Os “globalistas”, com partidários de Biden, com os neocons em volta da personalidade de Bolton, um ex-secretário de segurança nacional, julgam poder assegurar uma estratégia que passa por aumentos dos orçamentos militares e a mundialização da NATO. Julgam poder vencer a guerra na Ucrânia contra a Rússia e alimentam-se de propósitos vencedores. Especialmente, com as próximas eleições à porta a exigir vitórias em Kiev.

 

Os “realistas”, embora com objetivo comum, estão contudo contra a deriva armamentista e belicista, encontrando no interior do Pais e do próprio sistema problemas suficientes que exigem respostas imediatas para a sua sobrevivência. Seriam estes os reais protagonistas da fuga de informação.

Nesta luta surda permanecem no meio os pacóvios dirigentes europeus, misto de ingenuidade, misto de imbecilidade, que ainda não perceberam os interesses próprios.

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