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Gazeta Paços de Ferreira

21/09/2025, 0:00 h

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Não façam de nós parvos

Joaquim Leal Opinião

OPINIÃO

No latim, parvo significava pequeno, e evoluiu para apoucado de inteligência, ou seja, para idiota. Ora, eu não sei como é convosco, mas pela parte que me toca, não admito que qualquer um me diminua o intelecto. Mas vamos por partes.

Por Joaquim António Leal

 

Forças do Hamas invadem Israel fazendo reféns, e são rotulados de terroristas. É consensual que se trata duma ação ignóbil pelo facto de envolver civis, mas não esqueçamos que esta operação surge na sequência de longos anos de humilhações e privações a que Israel tem sujeito o povo palestino. Perante a situação, seria normal que o país invadido tivesse ido no encalço dos raptores, mas que destrua edifícios de habitação e hospitais, que mate indiscriminadamente crianças, velhos e mulheres, que impeça médicos e enfermeiros de darem assistência a doentes e feridos e que dispare contra jornalistas para que não passem para o exterior informações sobre o que se passa no terreno, isso não se pode aceitar de maneira nenhuma. Há muito que não resta a mínima dúvida de que o governo da extrema-direita judaica usa este pretexto para exterminar os palestinianos da Faixa de Gaza, e que faz Portugal? Hipocritamente olha para o outro lado, não propõe sanções, verte lágrimas de crocodilo. O nosso governo está muito preocupado com as vítimas? Não façam de mim parvo.

 

A Ucrânia vai perder a guerra, é mais que sabido, no entanto, ignorando a realidade, a União Europeia continua a endividar-nos para pagar as armas do conflito. Os líderes europeus (se é que existem) tudo fazem para nos assustar, dizendo que os russos querem tomar toda a Europa de assalto, e que precisamos de nos armar até aos dentes, (i)lógica com que nos   bombardeiam para justificar o desvio de recursos do serviço de saúde (que está doente) para o armamento. A verdade é que nunca a Rússia invadiu o Ocidente, foi sempre o contrário (Napoleão e Hitler invadiram a Rússia, sempre sem sucesso). Mas querem fazer de mim parvo ou quê?

 

A pacificação do mundo faz-se com palavras, com diplomacia, não com armamento, muito menos os elos mais fracos, como é o caso dos europeus se confrontados com a Rússia, a China, a Índia. Mas são os europeus que usam palavras mais belicistas, que atiram mais achas para a fogueira. Será que anseiam uma terceira guerra mundial? Eu sei o que pretendem, mas, por favor, não façam de nós parvos, nós não vamos admitir.

 

 

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