28/11/2024, 16:38 h
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OPINIÃO
Por João Paulo Carvalho (Militante do PCP)
Um medo que, de forma insidiosa, se apresenta sob o disfarce de promessas de estabilidade e de um futuro sem sobressaltos. Oferecem-nos empregos públicos, uma rede de favores e uma suposta tranquilidade financeira, mas o custo é imenso: a nossa liberdade, os nossos sonhos e a capacidade de erguer a voz contra as injustiças.
Mas nem todos estão dispostos a abdicar daquilo que os torna verdadeiramente humanos: a vontade de questionar, de resistir e de pensar por si mesmos. A memória de uma opressão antiga, de há cinquenta anos, ainda ecoa nas mentes de quem viveu tempos de perseguição e censura. Hoje, o controlo não é exercido com violência explícita, mas com mecanismos mais subtis – disfarçados em sorrisos políticos, em programas "benevolentes" e na aparente inclusão.
Os programas locais, que deveriam ser veículos de verdadeira melhoria social, são muitas vezes utilizados para manobrar os mais vulneráveis. Os idosos, em especial, são alvo de iniciativas que prometem passeios, convívio e felicidade, enquanto servem como instrumentos para assegurar o domínio político. Faltam-lhes, porém, os investimentos em cuidados essenciais – transporte, apoio domiciliar, amparo na dor e na fragilidade. Tudo isso em prol de manter a sensação de dependência e controle.
Mas o cerco não se limita aos mais velhos. Jovens, trabalhadores e todas as classes sociais são atingidos por tentáculos que sufocam a liberdade de expressão e limitam as escolhas. As redes sociais, que poderiam ser espaços de debate aberto, tornam-se armadilhas onde cada palavra é vigiada, cada opinião não-conforme traz a ameaça de represálias. O conformismo parece uma saída fácil, mas não é um caminho aceitável.
Mesmo sob pressão, cada um de nós tem a obrigação de ser quem é – sem medo, sem recuo, sem abandonar os sonhos que carregamos. A liberdade de expressão, de ser e de pensar não é uma concessão de quem tem o poder, mas um direito inalienável de cada ser humano. Não podemos deixar que o nosso desejo de mudança e de liberdade seja sufocado por nenhum tipo de opressão.
Ainda há esperança, mesmo diante da manipulação e do medo. Podemos resistir. Acreditar em nossa liberdade e mantê-la viva é o primeiro passo. Resistam, lutem, sonhem. Ser autêntico e pensar livremente não é crime, mas sim o combustível de uma sociedade que aspira por mudanças e que desafia o controle.
"Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos." – José Saramago
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