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Gazeta Paços de Ferreira

03/08/2023, 0:00 h

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JORNADA DOS MILHÕES

Destaque Joaquim Leal Opinião

OPINIÃO

Joaquim Leal


Há dinheiros bem gastos, investimentos seguros por parte dos poderes políticos deste belo país, e não se entende porque surgem tantas vozes acusatórias contra os gestores da “coisa pública”, vexando-os por causa das suas opções.

 

Que censura pode merecer o dispêndio de algumas dezenas de milhões de euros dum orçamento camarário e do Governo numas jornadas mundiais dedicadas à juventude, se isso, para além de prazeres que não são para aqui chamados, serve para consolar os frágeis corações dos sem-abrigo, que deambulam pela cidade em busca de algo interessante? Porventura já alguém os abordou, lhes pediu a opinião sobre o assunto?

 

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Não duvido que a suas respostas convergiriam com as dos decisores, pois vislumbrariam de imediato as hipóteses de multiplicarem por muito as esmolas recebidas, o que os faria encarar o evento como uma mais valia para a sua atividade.

 

O quê? Dizem-me que os maltrapilhos não terão entrada no recinto? Que ficarão à distância, a ver navios, e não só daqueles que sobem e descem o Tejo?

 

Compreende-se. Qual o cristão que se não compadece com as misérias alheias, que se não sentiria compungido perante a aflição da gente que nada tem? E, nestes dias, não convém expor dramas nem tristezas, mas sim o júbilo, a exaltação da vontade divina, claramente expressa na risonha face do Papa Francisco e na sua sagrada mão, que distribui bênçãos pelos piedosos cristãos.

 

 

 

Os desvalidos, os vagabundos, os sem casa para morar compreenderão, seguramente. Não passa pela cabeça de ninguém que os seus nobres corações se envolvam em disputas mesquinhas, como o acesso às esmolas e outras fúteis materialidades. Para estes, a insuficiência de haveres leva-os aos antípodas dos ricos – os quais não entrarão no reino dos céus sem antes passarem pelo fundo duma agulha – colocando-os no pedestal juntamente com todos os que, sofrendo na terra, ganharão a felicidade eterna. Sim, para qualquer sem-abrigo, mais do que ter a barriga cheia, é o espírito que lhe interessa, como bem maior.

 

Crede, ó homens de pouca fé, que por cada milhão de euros aplicado nesta ostentação pública, se haverá de conseguir – no mínimo – um novo cordeiro para integrar o rebanho, pelo que não haverá despesa de que se possa dizer que foi elevado o preço a pagar.

 

Joaquim António Leal

 

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