Por
Gazeta Paços de Ferreira

09/07/2025, 22:15 h

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HIPOCRISIA E BOM SENSO

Opinião Opinião Politica CRISTIANO RIBEIRO

OPINIÃO

Tanta lágrima de crocodilo e piedosa não obstou que na altura da votação PSD, PS, CDS e IL votassem contra e a abstenção do CHEGA.

 

Recentemente foi discutido e votado na Assembleia da República uma proposta de alteração do horário de funcionamento dos estabelecimentos comerciais, estabelecimentos de venda ao público e de prestação de serviços, incluindo os localizados em Centros Comerciais. A proposta de lei, na sequência de iniciativa do sindicato CESP com 23.000 assinaturas, advogava o encerramento deste comércio aos domingos e feriados e a redução do horário de funcionamento das 6 horas às 22 horas nos restantes dias.

Na discussão ouviu-se um discurso compreensivo:

“Sabemos que o tempo em família, a conciliação entre vida profissional e familiar e os vínculos de parentalidade são essenciais para uma sociedade mais justa e mais saudável …” (Paulo Núncio, do CDS);

“Reafirmando o nosso compromisso com horários humanizados e descanso efectivo, queremos proteger as famílias …” (Ricardo Araújo, do PSD);

“Defendemos que sejam garantidas todas as condições para a conciliação da vida pessoal e profissional, tempo para o lazer e para a família …” (Hugo Costa, do PS);

“É verdade que se esta lei fosse aprovada, alguns trabalhadores que trabalham aos domingos … ficariam melhor…” (Carlos G. Pinto, da IL);

“Trabalhadores do sector vivem em contexto de horários desregulados, turnos rotativos e exaustivos e ausência de tempo para a vida familiar…” (Felicidade Vital, do Chega).

Tanta lágrima de crocodilo e piedosa não obstou que na altura da votação PSD, PS, CDS e IL votassem contra e a abstenção do CHEGA.

Certamente os Donos do Pingo Doce e do Continente bateram palmas aos partidos do sistema. Os seus partidos voltaram a portar-se bem, obedecendo a quem manda. A situação atual de 18 horas de abertura por dia, 7 dias por semana, ao arrepio da situação na Europa (Espanha, França, Alemanha, Bélgica, Noruega, Polónia…) não lhes amoleceu o coração.

A “liberdade das famílias”, as “regras de concorrência e do mercado”, as “negociações colectivas”, a “autonomia dos municípios”, o “ponto de encontro aos domingos”, “os postos de trabalho perdidos”, os “trabalhadores –estudantes em part-time”, “o modelo rígido e único”, foram tudo argumentos paternalistas e falsos, afirmados pelos partidos da direita e da pseudo-esquerda. Esses necessitam de trabalhadores sem família, sem descanso, sem tempos livres e de lazer, sem transporte público nocturno, sem compromisso social, sem educação de crianças, sem relacionamento conjugal, sem Igreja (sem Igrejas!).

Miséria da hipocrisia, hipocrisia da miséria.

CR

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