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Gazeta Paços de Ferreira

04/07/2025, 9:34 h

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Finalistas

Educação Opinião ROSÁRIO ROCHA

EDUCAÇÃO

Este ano tive 4º ano e, como tal, os meus alunos foram finalistas do 1º ciclo. Não me recordo de haver esta ideia de finalistas no meu tempo de estudante. Do que me lembro, na altura só eramos finalistas quando acabávamos a secundária ou a universidade.

Por Rosário Rocha (Professora do AE Frazão)

 

Atualmente usa-se o termo “finalistas” quando se acaba a Educação Pré- Escolar, o 1º Ciclo, o 3º ciclo, o secundário ou a universidade. Embora a escolaridade seja de 12 anos, faz algum sentido ir comemorando o final de cada etapa, até porque, muitas vezes, está associado à mudança de escola. Então, finaliza-se um ciclo.

 

Festas de finalistas

 

Há quem não concorde com as festas de finalistas usando, frequentemente, o argumento de que não se finaliza nada e é festas por tudo e por nada. Reforça-se que antigamente não havia nada disto. São pontos de vista e opiniões. Respeito-as e até eu já mudei a minha várias vezes. Acho que faz sentido celebrar etapas. O caminho é longo e deve-se festejar conquistas parcelares, principalmente quando há mudanças de estabelecimento; quando o caminho vai continuar noutro edifício, com outras pessoas.

 

Usar como argumento que, antigamente, não era assim, é o pior argumento de todos: ninguém quer voltar ao passado, e comer, por exemplo, meia sardinha como no tempo dos meus avós. Felizmente as condições de vida melhoraram em muitas coisas. Chama-se evolução.

 

Em relação às festas de finalistas, cada escola decide como as faz: se com tudo a que tem direito (capas, cartolas, bengalas…) se de forma mais simples.

 

Viagens de finalistas

Município

 

As viagens de finalistas sempre estiveram associadas ao secundário: final do ciclo obrigatório de estudos (e noutros tempos ao 9º ano).

 

Atualmente, os alunos do 4º ano do nosso concelho têm a oportunidade de realizar uma viagem de finalistas ao Algarve, oferecida pela Câmara Municipal. Os alunos vão de avião e passam o dia no Zoomarine.

 

Também estas viagens têm sido alvo de críticas pelos gastos avultados com dinheiros do erário público. Pois bem, eu que no que diz respeito a dinheiros públicos tenho sempre alguma dificuldade em compreender números muito grandes, vou-me remeter apenas para a questão em si: viagem de finalistas.

 

Inicialmente, quando surgiu a atividade, também eu, talvez influenciada pela ideia veiculada nas redes sociais dos enormes gastos, achei que, se calhar, seria um gasto desnecessário.

 

Com o tempo, mudei de opinião e ainda mais depois de ter feito a viagem com os meus alunos. De 22 alunos, apenas 5 tinham andado de avião. Olhando para cada um deles, provavelmente a maioria nunca mais andará de avião, pelo menos tão cedo. Talvez quando forem adultos e se a vida lhes sorrir, talvez aí consigam realizar algumas viagens. Atualmente, a capacidade financeira da maioria das famílias dificilmente lhes permite levar o agregado familiar a viajar de avião e ainda passar um dia no Zoomarine. E não falamos só das famílias, aparentemente mais desfavorecidas; falamos da classe média, daquela que desconta e bastante para o tal “bolo” dos dinheiros públicos.

 

No fundo, e tendo em conta o exposto anteriormente, é uma questão de igualdade, pois todos (ricos, pobres, remediados…), todos os alunos no final do 1º ciclo terão esta oportunidade.

 

Claro que podem insistir que todo o dinheiro gasto podia ser investido noutras coisas prioritárias. Se calhar podia…mas não teria o mesmo impacto nas crianças. O que lhe foi proporcionado foram vivências únicas, experiências que enriquecem e potenciam o seu crescimento a vários níveis.

 

 

 

 

Juntas de freguesia

 

Os finalistas do 1º ciclo do nosso Agrupamento – Frazão- têm também usufruído de uma viagem oferecida pelas juntas de freguesia: Frazão/Arreigada, Seroa e Paços de Ferreira. Este ano beneficiaram de uma viagem de barco, com entrada no Cais de Gaia, e subida da barragem de Crestuma. Foi uma experiência completa, com direito a almoço servido a bordo. Um dos conselhos que dei aos meus alunos, já no cais, foi: aproveitem esta experiência, pois os vossos pais terão dificuldade em repeti-la convosco.

 

Sem dúvida foi proporcionada aos nossos alunos uma experiência muito enriquecedora e inesquecível.

 

Sabemos que é um esforço financeiro, principalmente para as Juntas com orçamento bastante limitado, mas não deixa de ser um investimento na educação.

 

Deixar obra ou vivências

 

O argumento que vou usar a seguir serve exatamente para a vida em geral.

 

Temos que passar pela vida fazendo obra, mas nem sempre a obra é física. Quantos pais vivem uma vida inteira tentando deixar casarões aos filhos, trabalhando dia e noite para comprar tudo o que o dinheiro pode comprar. Claro que todos precisamos de um lar, mas às vezes um mais simples, mais modesto, não obriga a que se abdique do fundamental: tempo e disposição para estar com os outros.

 

Aplico este argumento ao dinheiro gasto nas viagens de finalistas: certamente daria para ajeitar mais uma rua, comprar mais um equipamento, algo mais duradouro, mas que, com o tempo, também teria um fim. Contudo, o dinheiro gasto nestas experiências deixou marcas e lembranças para o resto da vida destes miúdos e essas nunca se estragarão. E, por isso, sou a favor destas iniciativas únicas e, mesmo que os meus filhos noutros tempos não as tenham tido, sorte dos que agora podem beneficiar delas!

 

 

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