A OCDE classifica Portugal como o 2.º país desta organização em que o rendimento das famílias cresceu mais, em 2022.
Hugo Lopes
A condição de robustez nos resultados governativos não se avalia apenas pelos indicadores que foram apresentados nas últimas edições. Algumas entidades internacionais têm sido perentórias apontando o bom desempenho português, mesmo em tempos difíceis.
A agência de notação financeira Moody’s mudou a perspetiva de classificação da dívida pública portuguesa de estável para positiva. Já agência de notação financeira DBRS subiu a classificação efetiva da dívida pública portuguesa para nível A, o que já não acontecia há 11 anos. Estas classificações são devidas aos bons resultados do 1.º trimestre de 2023, nomeadamente um excedente de 996 milhões de euros e uma queda de perto de 4% na dívida externa líquida que atingiu os valores mais baixos desde 2007.
A OCDE classifica Portugal como o 2.º país desta organização em que o rendimento das famílias cresceu mais, em 2022.
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Projeções atualizadas da Comissão Europeia apontam para uma dívida pública abaixo dos 110% no final deste ano, abaixo da França e da Espanha e ao nível da Bélgica, ficando, provavelmente, nos 107,5%. Seguindo novas estimativas da CE e do FMI a inflação em Portugal poderá estar abaixo dos 3% nos últimos meses do ano.
Outros resultados vêm sendo muito relevantes para Portugal: ao nível da igualdade fomos classificados o 5.º melhor país da OCDE para uma mulher trabalhar, pelo jornal The Economist; no âmbito da liberdade de imprensa somos o 9.º classificado mundial pela Reporters Without Borders; e a Freedom House classificou Portugal em 11.º lugar no mundo no índice de Liberdade.
São bons indicadores da robustez da nossa economia aos choques financeiros a que um país periférico estará sempre mais sujeito. Mas, também indicam um bom caminho no combate às desigualdades e no fortalecimento da liberdade de expressão e da liberdade de imprensa, fundamentais para o escrutínio público e para a democracia.
Contudo, temos ouvido que estas melhorias ainda não são sentidas pela população e tal compreende-se e explica-se por um único fator, alheio à governação: as taxas de juros elevadas do Banco Central Europeu. Compreende-se a preocupação dos bancos centrais em combater a inflação. Mas, esta inflação não se pode combater pelo método tradicional de condicionar a procura. Dados do Eurostat e do BCE indicam que, contrariamente ao habitual, o grande motor da crise inflacionista que vivemos são os lucros empresariais, contribuindo com mais de 70% para este efeito. Historicamente este contributo rondava os 35%. Contrariamente e curiosamente, os impostos têm sido descritos como a única variável obstrutora ao crescimento da inflação.
São grandes as expectativas para a melhoria das condições de vida dos portugueses, mas para tal o BCE necessita de uma governação a pensar mais nas pessoas.