Por
Gazeta Paços de Ferreira

10/10/2025, 9:54 h

23

Dia Mundial do Professor

Educação Opinião ROSÁRIO ROCHA

EDUCAÇÃO

No dia 5 de outubro celebrou-se o Dia Mundial dos Professores. Esta data é celebrada anualmente, e em vários países, desde 1994 por decisão da Unesco. Coincidências mas não deixa de ser engraçado que tenha começado a ser comemorada precisamente no ano em que comecei a tirar o curso de professora.

Por Rosário Rocha (Professora do AE Frazão)

 

Importância da comemoração

 

Celebrar este dia tem como objetivo realçar e reconhecer o papel fundamental dos professores na construção de uma sociedade mais inclusiva.

 

Do meu ponto de vista, era necessária uma atualização ao nome: deveria ser dia dos Docentes! A palavra Docente abrange Educadores e Professores. Talvez à data (1994) o enfoque na Educação de Infância não fosse tão grande, e os Educadores de Infância ficaram de “fora”. Atualmente, a Educação começa bem antes do Ensino Formal. Praticamente todas as crianças frequentam a Educação Pré-Escolar e é mais do que importante esse percurso.

 

Os Educadores e os Professores ensinam e formam crianças e jovens. Não transmitem apenas conhecimento, e embora sejam facilitadores do ensino e aprendizagem, fomentam, de um modo geral, o desenvolvimento pessoal, emocional e social das crianças e alunos.

 

Sem dúvida, têm um papel fundamental na formação das gerações e contribuem para a construção das comunidades, do país e do mundo.

 

Fará sentido comemorar?

 

Sinceramente, na minha opinião, atualmente faz-se referência à data mas de pouco serve. Ainda por cima em Portugal coincide com um feriado e, apesar das palavras bonitas proferidas pontualmente aqui ou ali, não tem grande ênfase.

 

O importante é o reconhecimento da nobreza da docência e essa faz-se no dia-a-dia, nos pormenores, na atuação diária. E sabemos que o reconhecimento e valorização têm-se perdido progressivamente. Os docentes parece que vivem constantemente numa “camisa-de-forças”. Têm sempre uma panóplia de agentes a sugerir, a intervir, a opinar.

 

É verdade que todos andaram na escola, mas daí a serem peritos na mestria da docência há um longo caminho.

 

Há uma questão de separa os docentes dos restantes: a pedagogia. E a pedagogia é precisamente a arte de saber ensinar. Ninguém vai ao médico sugerir a medicação que quer ou deve tomar, mas não faltam opiniões sobre como o professor deve ensinar.

 

 

 

 

As camisas de força

 

As tais camisas de força, tal como referi acima, existem de tal forma que são, provavelmente, o que mais desgasta os docentes. Começa nos pais, que cada vez mais benevolentes e menos exigentes com os filhos, querem exigir dos professores. Criticam constantemente as suas atitudes, na presença dos filhos, e querem decidir, por exemplo, onde o seu pupilo se deve sentar na sala. Sim! Isto acontece e é um mero exemplo.

 

Segue-se a pressão dos Dirigentes – normalmente Diretores – que querem também resultados e não estão para aturar as queixas dos papás. E como os Dirigentes também estão numa camisa-de-forças, pressionam quem está abaixo, obviamente. As pressões vêm a seguir do poder institucional ou político: organismos do Ministério, ou simplesmente Municípios. Todos querem mostrar resultados!

 

E, lá vai o “peão-professor” ajustar, implementar, executar o que muitas vezes nem decidiu, nem vê qualquer importância.

 

Em síntese, a grande Mestria de Ensinar, de procurar caminhos ajustados aos seus alunos, perde-se nas decisões dos outros.

 

É urgente valorizar

 

É urgente valorizar de facto a docência. E valorizar é confiar, é dar liberdade, é exigir, mas não impor.

 

É fundamental que o professor volte a ser olhado como via nos olhos da minha mãe, quando eu andava na escola: como aquele que me podia conduzir no caminho do conhecimento com mestria. É urgente que os docentes deixem de ser peões de forças políticas- devem ser simplesmente agentes das forças educativas.

 

Se não forem devidamente valorizados, deixarão de haver professores mestres, e em vez de mestria teremos mediocridade. E as futuras gerações pagarão a fatura. E só se valoriza, quando de facto se perde.

 

Para finalizar, quero partilhar convosco o que sinto. Sou professora do 1º ciclo e, apesar de muitas críticas que vou ouvindo aos alunos, tenho a sorte dos meus serem pequeninos e ainda estarem quase na fase inicial. E por isso partilho convosco que no olhar dos meus pequenos vejo a verdadeira valorização. Os seus olhos, cheios de curiosidade e sedentos de conhecimento, olham para mim com uma admiração como se eu fosse a maior sabichona do mundo, como se eu fosse uma verdadeira Mestre. Sinto exatamente esse olhar de admiração nos pequenitos do Pré- Escolar. Claro que há exceções, mas não são a regra, felizmente.

 

E, por isso, aprendam a valorizar como os pequenotes, ou pelo menos não lhes tirem a ideia de que realmente o professor é “um condutor de almas e sonhos”.

 

A todos os meus colegas: parabéns por serem docentes! É, sem dúvida, a profissão mais nobre e não deixem que tudo o resto vos tire o brilho de ensinar com mestria.

 

 

ASSINE A GAZETA DE PAÇOS DE FERREIRA

Opinião

Opinião

Dia Mundial do Professor

10/10/2025

Opinião

Andarilhanças – Manhouce (S Pedro do Sul)

8/10/2025

Opinião

O MAL está cá (II)

8/10/2025

Opinião

Gestos de paz e reconciliação - Novos Tempos

8/10/2025