DECLÍNIO DO PCP?

Andam alguns, porventura até bem intencionados, preocupados com o declinio do PCP e apontando, do alto da sua superior análise, erros graves de estratégia nomeadamente com o anúncio de uma moção de censura ao programa de governo.

Precipitação, dizem. Exagero, proclamam.

Gostaria de o comentar.

A CDU, e o PCP por maioria de razões, não ficaram obviamente satisfeitos com os resultados das legislativas. As direitas conseguiram resultados confortáveis, ao contrário do chamado "universo da esquerda".

Dito isto, convém realçar que o PCP perdeu um deputado e cerca de 22.000 votos (apesar de tudo muito menos do que o BE com menos 4 deputados e 150.000 votos, e o PS com menos 400.000 votos e perda de dezenas de deputados).

Mas o que verdadeiramente distingue o PCP dos outros é o facto de para o Partido, não se pode, não se deve, será muito perigoso haver ilusões sobre o rumo politico do País.

Aí está o discurso revanchista, a intenção de rever a constituição e todo o quadro legal democrático.

A precipitação denunciada é afinal mobilização, resistência perante tempos negros que se avizinham. E há lições que são manuais de orientação. A extrema direita não nasce do nada, ela germinou em partidos do sistema. E a direita radicaliza- se sem pudor, se tiver circunstâncias propícias, o que é manifestamente o caso.

Este não é o tempo de apregoar a estabilidade politica, ou de hiatos de responsabilidade ou de cedências limitadas.

Cristiano Ribeiro

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