26/12/2023, 0:00 h
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OPINIÃO POLÍTICA
Por Cristiano Ribeiro (Médico e Militante do PCP)
OPINIÃO POLÍTICA
Dizia-me há dias um amigo que há anos que não via televisão. Estranhei. Percebi que acima de tudo se tratava de uma sustentável aversão ao quotidiano informativo que a televisão reproduz.
Ele fartara-se (é o termo certo!) das manobras de manipulação daquela cambada de cartilheiros ao serviço do império, ao serviço do dinheiro, ao serviço do poder de facto.
Ele, habituado ao confronto de ideias, à dialéctica da opinião baseada na razão, ao respeito pela pluralidade, fartara-se enojado do discurso previsível, do maniqueísmo, do preconceito, da falsidade informativa de tantos avençados.
Sim, que quem domina modernamente nas televisões, quem instrumentaliza a informação, os conteúdos, as agendas, é gente que só subiu na carreira mostrando uma certa fidelidade, beijando mãos enluvadas, silenciando realidades incómodas. O jornalismo deixou de ser ética, escola, compromisso com a verdade e passou a ser detergente para amaciar consciências. A máquina desinformadora é global, sem cedências fáceis à qualidade. O jornalismo militante tornou-se discurso mercenário.
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Nas suas bocas há sempre um visco, um ódio profundo contra os resistentes, os não-alinhados, os independentes, os defensores de alternativas.
Não citarei alguns dos seus nomes, por serem sumamente conhecidos. E produzirem o que produzem: lixo informativo, nauseabundo, contaminado. Quer seja sobre o Brasil, a Venezuela, Angola, Irlanda ou a Coreia do Norte. Quer seja sobre a guerra, a corrupção, a violência desportiva ou os offshores. Quer seja sobre a soberania alimentar, a poluição ambiental, a política fiscal ou de crédito. Na televisão eles nunca deixarão de produzir o que sabem fazer melhor: propaganda.
Reproduzem acriticamente as expressões e concepções do Departamento de Estado norte-americano e portanto não merecem a carteira profissional que têm. E sem contraponto. Se alguns disserem que a Terra é plana, quem ousará se opor? Alguns dirão que exagero.
Contam-se pelos dedos os verdadeiros jornalistas, os que respeitam a nossa inteligência, os que não ousam sobrepor os factos a qualquer interpretação dos mesmos factos.
Há uma União Nacional informativa, em regime formalmente democrático.
Por isso, não ver, não consumir a informação uniformizada de tanto canal televisivo disponível é medida de higiene mental. Por desnecessária. Por perigosa. Por deletéria.
O clássico jornalismo sério morreu.
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