12/04/2025, 10:19 h
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OPINIÃO
Por Filipe Rodrigues Fonseca (Engenheiro Informático e Militante do Livre)
O fácil acesso a novas tecnologias facilitou a comunicação entre pessoas de todo o mundo. O uso de redes sociais não só permite, como força uma promiscuidade de ideias espalhadas pelo globo. A cada avanço tecnológico existente, há também novos métodos de espalhar desinformação e novas ideologias criadas. Sem a devida literacia digital, qualquer pessoa (mas principalmente adolescentes) fica suscetível a discursos de ódio, misóginos e radicais, pois no meio da confusão de informação,que são as redes sociais, o discurso falso, mas simples, prevalece ao correto, mas complexo.
As consequências do acesso a conteúdos problemáticos foram muito bem retratadas na série ‘Adolescência’, recentemente lançada na Netflix. Esta série, baseada num caso verídico, acompanha um adolescente de 13 anos que assassinou uma colega da mesma idade. Esse jovem, tal como muitos outros, foi vítima do discurso extremista de influencers, como Andrew Tate.
Andrew Tate e outros “influenciadores” criaram ideias, como a regra dos 80-20, na qual, segundo os próprios, 80% das mulheres se sente atraída por apenas 20% dos homens; defendem que o papel do homem é o de constituir família e que o mesmo se precisa de impôr sobre o género feminino, que diz ser mais fraco e influenciável. Este discurso foi criado com um objetivo simples: ser fácil de perceber, mas impactante o suficiente para vender cursos online, guias de desenvolvimento pessoal, entre outras estratégias de marketing. É um método simples, mas eficaz nos jovens que, sem o saber, acabam por ser vítimas deste esquema.
A falta de literacia digital nos mais jovens impede os mesmos de compreenderem que estão a ser vítimas de scam. Em países como a Finlândia, onde programas de literacia digital estão implementados, conseguimos verificar que os níveis de desinformação nas camadas jovens diminui drasticamente. Por outro lado, muitos pais, que ainda não estão habituados às redes sociais, também não reconhecem os perigos das mesmas, pelo que não conseguem ensinar e ajudar os seus filhos a navegá-las.
Tal como aconteceu em ‘Adolescência’, um adolescente isolado no seu quarto é, hoje em dia, capaz de aceder a informação de qualquer parte do mundo. É preciso ensinar os nossos jovens, libertando-os das amarras dos extremismos, com discurso fácil e dedicar tempo a ajudar os mesmos a discernir informação verdadeira da prejudicial. Estes ideais podem ser fáceis de espalhar, mas confrontar os mesmos com valores humanistas e de entreajuda é um dos maiores desafios do futuro próximo.
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