22/06/2022, 23:00 h
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Opinião Opinião Politica Partido Comunista
O caos vigente nas urgências e serviços hospitalares do SNS, que nos dá a imagem de um País do terceiro-mundo, é um sinal evidente do estado degradado do SNS que não é possível disfarçar. O resultado está aí mas a responsabilidade pretende-se iludida.
Diz a senhora Ministra da Saúde que a culpa da crise atual do sector público, que diz ser conjuntural, é da pandemia e da queda do governo anterior, sendo circunstâncias que teriam atrasado medidas corretoras. É uma mentira evidente. São de longa data as perceções de um caminho irresponsável, perigoso e contraditório com a defesa do SNS, das suas instituições, dos seus profissionais, dos seus objectivos, dos seus indicadores.
Fala-se agora da abertura de processos negociais. Porquê agora e não antes, quando se acumulavam dificuldades?
Fala-se agora num número insuficiente de trabalhadores, nomeadamente médicos, em certas especialidades. Porquê agora, e não antes, quando uma previsão séria para isso apontava?
Fala-se agora em débeis condições de trabalho, em remunerações não atractivas e competitivas, em incentivos à fixação inexistentes. Porquê agora, sabendo que recentemente o PS rejeitou por exemplo, discutir (e aprovar) a implementação do regime de dedicação exclusiva, com caracter opcional, prevendo o aumento em 50 por cento da remuneração base e 25 por cento da contagem de tempo para a progressão na carreira dos médicos? Porquê agora, sabendo–se que o PS recusou recentemente o alargamento de incentivos para a fixação de profissionais de saúde em áreas carenciadas?
A uma discussão séria e atempada, com propostas concretas, sobrepôs-se uma emergência com traços de tragédia, a exigir planos de contingência. Constitui-se agora no centro do incêndio que é a atividade assistencial na Saúde uma Comissão de acompanhamento dos Serviços de Obstetrícia e de Ginecologia. Vejamos as suas orientações e preocupações: “nova organização”, “coordenar o encerramento de maternidades”, “ “impedir o fecho simultâneo de blocos de partos”, “informar as utentes” e “contratar médicos brasileiros”. Alguém entenderá ser necessário reunir representantes das regiões de saúde, sob a presidência de um Professor Catedrático e Diretor do Serviço no Hospital Santa Maria, para isso concretizar? Alguém imagina que as respostas necessárias serão dadas por quem tem convivido com esta degradação progressiva? As Administrações Regionais de Saúde e os serviços centrais do Ministério servem, para quê?
Infelizmente, e digo, com conhecimento próprio, há um assalto dos grupos económicos da doença, procurando limitar a resposta do SNS, médico a médico, setor a setor, serviço a serviço, unidade funcional a unidade funcional. Desmoralizando, precarizando, proletarizando, promovendo a saída, desprestigiando, atrasando consultas, fechando, externalizando meios complementares de diagnóstico e de terapêutica, subfinanciando, desumanizando.
Sim, a responsabilidade do atual estado da Saúde, é do PS e suas políticas de saúde, dos seus agentes na Administração Central e na Administração Local, da sua permeabilidade aos interesses privados da saúde, dos seus comissários políticos locais, da sua opacidade de gestão. Da restante direita politica, pouco se deve dizer que já não tenha sido dito.
Se António Arnaud, Albino Aroso ou Paulo Mendo fossem vivos certamente os governantes atuais corariam de vergonha, quando lhes fosse perguntado sobre a elevação da mortalidade
Cristiano Ribeiro
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