12/05/2024, 19:00 h
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OPINIÃO POLÍTICA
OPINIÃO POLÍTICA
Conta-se que numa certa cidade em que passava um viajante uma catedral estava a ser construída. Pedra sobre pedra, erguiam o monumento que prometia ser grande e vistoso. O viajante, intrigado perante todo aquele espalhafatoso estaleiro, decidiu interpelar alguns dos trabalhadores. Perante a pergunta “Porque estão a construir esta catedral”, uns responderam que apenas estavam ali para sustentar as suas famílias, outros que precisavam daquele trabalho. Porém, uma resposta despertou a atenção daquele homem. Um pedreiro, já de idade mais avançada, com voz rouca, justificou que estava ali “a construir algo que já não veria, mas que os seus filhos poderiam utilizar”.
O projeto das comunidades europeias nasceu do espírito da construção de uma catedral. Demorou décadas a edificar-se, passo a passo, conquista a conquista. O desejo do imediato foi preterido perante a necessidade do perene: a união dos povos europeus não podia ficar refém de caprichos de uns ou outros nem de fait divers de determinados personagens. As bases, quais alicerces de um grande edifício, exigiam-se sólidas e coerentes. Talvez, os seus sonhadores tivessem a consciência daquele velho pedreiro: não iriam ser os beneficiários daquele desígnio, mas sem o seu esforço, a catedral jamais abriria portas.
Em breve, os cidadãos europeus são convocados para eleger os seus representantes no Parlamento Europeu. Para alguns, a União Europeia é apenas uma espécie de “cartão de crédito ilimitado”, para outros é culpada de todos os males que acontecem em Portugal. Todavia, acredito que a maioria dos portugueses será da opinião de que é um projeto de desenvolvimento solidário entre povos.
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Diria até mesmo que a assinatura do Tratado de adesão à então CEE foi a garantia de que a jovem e frágil democracia que nascera naquela madrugada de Abril não queria voltar atrás. Se no 25 de Abril conquistamos a liberdade, em 1986 abrimos as portas ao desenvolvimento do país. O Portugal democrático só é pensável como um país europeu. Assim, podemos reconhecer a importância do momento eleitoral que se aproxima: seremos chamados a votar num contexto de guerras em solo europeu ou muito perto dele, diante de um cenário geopolítico muito delicado.
Por tudo isto, e por muito mais, refletir sobre o projeto europeu é hoje mais importante: dos benéficos de viajar pela Europa sem obstáculos, do acesso a mais bens e serviços, dos investimentos que só foram possíveis com a solidariedade europeia, à facilidade de estudar fora de Portugal, tudo são motivos para lutar por esta união, que na sua génese será sempre a garantia de paz e de solidariedade.
Unidos na diversidade. Este foi o lema que a UE definiu para si. Na multiplicidade de línguas, na diversidade de culturas, nas especificidades de cada povo e nação, a união. Tenhamos sempre a certeza de que sozinhos, orgulhosamente sós, jamais construiremos alguma coisa. Juntos, podemos erguer a catedral.
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