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Gazeta Paços de Ferreira

31/12/2021, 0:00 h

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AZIADO

Opinião

Quem são os responsáveis, burocratas sem alma ou de raciocínio embotado, que tomam estas decisões em fase de vida tão frágil? As pessoas não são carruagens que circulem em qualquer linha, de qualquer ramal da vida. E não me digam que tem de ser assim. Queremos todos que não seja assim. Este País tem de ser para novos e velhos. Os governantes têm de nos respeitar.

Estou azedo, fortemente azedo. Ou melhor, aziado. Justifico. Uma utente minha após uma estadia na Unidade de Amarante do Centro Hospitalar do Vale do Sousa em tratamento de um Acidente Vascular Cerebral Agudo é referenciada para reabilitação numa Unidade de Cuidados Continuados em... Valpaços.

 

A utente em causa tem como todos nós uma história pessoal, um enquadramento familiar, uma sua situação. De um momento para outro vê-se confrontada com uma decisão que não percebe: ter de deslocar-se para terra distante e desconhecida para readquirir uma saúde já precária. Porquê Valpaços? E quem fica, como fica? Desespero, lágrima, incompreensão. Distante.

 

Quem são os responsáveis, burocratas sem alma ou de raciocínio embotado, que tomam estas decisões em fase de vida tão frágil? As pessoas não são carruagens que circulem em qualquer linha, de qualquer ramal da vida. E não me digam que tem de ser assim. Queremos todos que não seja assim. Este País tem de ser para novos e velhos. Os governantes têm de nos respeitar.

 

Há inúmeras cirurgias (Ortopédicas, hérnias de tecidos moles…) ocorridas no hospital de referência que têm como orientação posterior a necessária e urgente reabilitação funcional. Por razões de ausência de resposta adequada nos serviços públicos, essa terapêutica é confiada a serviços convencionados de Medicina Física e Reabilitação, em Clinicas Particulares. O Estado já há muito se demitiu através de políticas erradas e despesistas de assegurar cuidados de qualidade nessa área e de promover o devido controlo Qualidade / Preço. O Estado, através dos governantes nacionais e locais da saúde está nas mãos dos prestadores de cuidados. Que deferem os tratamentos, diminuindo a eficácia, prolongando a incapacidade, e que gerem a lista de espera com critérios economicistas, privilegiando os utentes das seguradoras.   

 

Estou aziado. E continuarei.

 

Cristiano Ribeiro, Dirigente do PCP

 

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