30/12/2022, 0:00 h
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Conheci o Afonso ainda no século passado. Terá sido por volta de 1998. Estava eu na Gazeta de Paços de Ferreira a dar os primeiros passos nestas lides do jornalismo desportivo.
Foi nos campos do futebol amador espalhados pelo concelho que me ensinaram a perceber a essência do futebol e foi nestas circunstâncias que conheci o Afonso.
Assisti a centenas de jogos, conheci centenas de dirigentes, treinadores e jogadores.
Mas o Afonso destacou-se nas minhas observações. Tinha um pé canhão incrível e fazia golos do meio-campo. Era o capitão do ADC Frazão e muito respeitado por todos. Até pelos adversários. O Afonso nunca perdia a sua postura. Era o mesmo dentro e fora do campo. Muito educado, humilde e de poucas palavras.
Foram estas características que me fizeram olhar para o Afonso de forma especial. Era aquele jogador que deveria servir de exemplo para todos os outros. Nunca precisou deixar de ser quem realmente era para ser respeitado por todos.
Registei alguns momentos do Afonso em fotografias e fiz-lhe algumas entrevistas. Era pragmático nas respostas e terminava sempre da mesma maneira. Um obrigado, um aperto de mão e um sorriso.
Era o Afonso treinador do ADC Frazão, o seu clube do coração, quando falei com ele pela última vez. Deixou-me algumas notas sobre a época desportiva, estava eu no Jornal Imediato.
Os anos passaram e as contingências da vida levaram-nos para outros caminhos. Foram alguns anos sem o ver. Cruzei-me com o Afonso de carro há uns meses. Não houve contacto direto porque eu estava a conduzir e o Afonso caminhava na reta de Gomil na minha direção. Reconheceu-me, levantou-me a mão e esboçou-me o mesmo sorriso de sempre, mostrando que os anos não haviam alterado a sua postura.
Fiquei chocado quando li a notícia de que o Afonso partiu. No mesmo dia de Pelé, a maior lenda do futebol mundial. Partiram dois ícones no mesmo dia, quem sabe na mesma direção e de mãos dadas. O céu ganhou duas novas estrelas, ficou mais brilhante e bonito a partir de hoje.
Até um dia, Afonso... e obrigado pelo teu sorriso.
(foto: ADC Frazão)
José Santos
A GAZETA DE PAÇOS DE FERREIRA ACOMPANHA NA DOR A FAMILIA DO AFONSO E A ADC FRAZÃO, QUE DURANTE ANOS REPRESENTOU DE FORMA EXEMPLAR.
EM 1998 A GAZETA DE PAÇOS DE FERREIRA ATRIBUIU AO AFONSO O "Troféu Gazeta", PARA O JOGADOR MAIS DISCIPLINADO.
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