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Gazeta Paços de Ferreira

18/03/2022, 0:00 h

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As salas vazias dos Centros Escolares

Educação

Quando se fala em salas vazias, fala-se em salas onde não está atribuída uma turma, o que não quer dizer que não estejam a ser utilizadas

 

Muito se tem falado no enorme número de salas vazias que existem nos centros escolares. É certo que não disponho de números sobre os outros Agrupamentos, mas conheço os dados do Agrupamento de Frazão, onde leciono.

O nosso Agrupamento tem três Centros Escolares: Frazão, Arreigada e Seroa. Começaram a funcionar exatamente pela ordem que enunciei.

 

A especificidade das salas

Seroa, a última a abrir, tem no rés-do- chão 8 salas para o Pré-Escolar e 2 salas para o SAF- serviço de Apoio à Família. No 1º piso existem 8 salas, na zona afeta ao 1º Ciclo. Frazão tem no rés-do- chão penso que 5 salas para o Pré-Escolar e 2 salas para o SAF- serviço de Apoio à Família. No 1º piso existem 11 salas. Arreigada tem no rés-do- chão 4 salas de Jardim de Infância, 1 da Educação Especial e 2 salas para o SAF- serviço de Apoio à Família. No 1º piso, foram construídas 8 salas.

À exceção de Seroa, que penso ser a única sobredimensionada, Frazão e Arreigada têm as salas necessárias para o normal funcionamento de uma Escola. Arreigada, neste momento até tem menos do que o necessário, se bem que com o tempo serão suficientes. E é Arreigada, que conheço muito bem, que usarei como exemplo.

Na carta Educativa, no que concerne ao 1º Ciclo, foram construídas 5 salas de aula, 2 para AEC e 1 para TIC. Para o Jardim de Infância, foram construídas 4 salas e 1 para a Educação Especial. Atualmente são usadas no 1º piso 6 salas para aulas, 1 para TIC e 1 como Sala do Futuro.

Tivemos que recorrer ao rés-do-chão e usar uma do JI e a da Educação Especial para dinamização das AEC e usamos uma do SAF para a AEC de Música. Na realidade, não temos nenhuma sala vazia. Poderíamos ter? Claro…bastava ter as AEC nas salas de aula. E isto penso que será o que se vai passando nos outros Centros Escolares. Quando se fala em salas vazias, fala-se em salas onde não está atribuída uma turma, o que não quer dizer que não estejam a ser utilizadas. O que me parece é que mesmo as salas cuja carta Educativa definia serem salas de AEC estão a ser dadas como salas vazias e não me parece correto. Posso-vos dizer que, pontualmente, temos uma AEC a ser dinamizada na sala de aula normal, porque os outros espaços estão a ser todos ocupados, mas não é o desejável.

 

Qualidade do ensino posta em causa

 

Vou ser franca na minha opinião: restringir os alunos durante 6h à sala de aula é pôr em causa a qualidade do ensino e a sanidade dos miúdos. Todos sabemos que cada vez são mais enérgicos e necessitam mudar constantemente de atividade e de espaços. Muitos vivem em apartamentos e carecem da diversidade de espaços. A escola é onde passam a maior parte do tempo: 8h diárias. Todos os espaços existentes são poucos. Dói-me a alma saber que há miúdos noutras escolas a almoçar em salas de aula ou a brincar nos corredores, durante os intervalos, pois não têm outros espaços.

Antes do Centro Escolar lecionava em Vila Boa e os miúdos tinham como espaço disponível as salas de aula e um pequeno alpendre. Quem não se lembra da escola de Repíade ou Porto Carreiro?

Evoluímos e muito na qualidade dos nossos edifícios e, é com orgulho, que recebemos parceiros da Europa e temos muito melhores condições do que eles.

Acredito que possam haver algumas salas vazias, mas vou-vos dizer o que faria em Arreigada se tivesse alguma livre: criaria ateliers de pintura, por exemplo, ou, o meu sonho que vi num colégio em Barcelona: uma sala com materiais de desperdício- pedrinhas, paus, papelão…- onde os miúdos podiam ir quando quisessem e criar livremente.

Em suma, confinar os miúdos a uma sala de aula é restringir-lhes a essência, a criatividade, a alegria…a qualidade de um estabelecimento de ensino e educação a que têm direito.

Não quero regredir…temos que evoluir e aproveitar as potencialidades das nossas Escolas. Não me confinem a mim nem aos miúdos a uma sala de aula, por favor…

 

 

Rosário Rocha

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