03/03/2022, 0:00 h
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Os acontecimentos em curso no leste europeu são agora um assunto muito falado, mas muito pouco interpretado.
De um momento para outro, milhões de pessoas tornaram-se especialistas de política mundial, e vazadouro de profundas certezas e ainda mais profundos sentimentos.
O mundo, as suas injustiças e a sua geopolítica teriam aparentemente nascido para muitos há poucos dias.
Quem sabe onde fica a Krajina, ou a Transnístria ou ouviu falar no massacre da Casa dos Sindicatos de Odessa?
Julgo ser necessário muito mais informação de qualidade. Porém muitas “verdades” propaladas e adquiridas são as resultantes da propaganda, da mentira e da hipocrisia.
Não ouso agora (por não ter vontade e não ser útil!), no plano do confronto de ideias, contrariar a barragem “informativa” dominante, do maniqueísmo dos bons e dos maus, das piedosas e cínicas declarações humanitárias ou defesa da democracia.
Não me seduz a “democracia” capitalista ucraniana, russa ou romena, por exemplo.
Os oligarcas russos não são piores do que os oligarcas alemães, ingleses ou norte-americanos.
Os bombardeamentos na Ucrânia ocorrem ao mesmo tempo que na Somália, na Palestina ou no Iémen, com protagonistas diferentes.
Os refugiados de dezembro na fronteira polaca com a bielorussa são tão chocantes como os refugiados de agora.
Não acredito em alianças militares defensivas, ou na política neutra. Mas cada um fará o juízo interpretativo que lhe convenha.
Espero que estejamos unidos numa coisa aplicável: a defesa de negociações e compromissos em caso de conflito e a defesa da paz como alternativa a qualquer guerra.
Está em causa uma nova Ordem Internacional.
A Ordem Internacional é um sistema de relações e de segurança colectiva das nações, baseada do Direito e em compromissos comuns.
A Ordem Internacional reinante, surgida no período histórico do pós-Guerra Fria, trouxe um unilateralismo de imposição de vontade de uma superpotência e seus aliados/súbditos, com seus interesses e estratégias particulares. São inúmeros os factos ocorridos.
Entretanto, surgiram, no cenário internacional, novas potências económicas e políticas, com outro desempenho e, claramente, outros interesses.
Está claro que uma Nova Ordem Internacional está a chegar. Com violência desnecessária, talvez. Mas nada será como dantes.
Cristiano Ribeiro
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