30/03/2022, 21:00 h
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Um alto quadro político do PC Russo previu que a guerra na Ucrânia duraria até ao final de maio. Vindo de quem vem, esta previsão permite supor que essa informação circula nos meios do Poder na Rússia, incluindo na oposição parlamentar. Ganha por isso alguma verosimilhança. Considero preocupante e trágica essa previsão. Estender a guerra por muitos mais dias, constitui, a meu ver, um sinal infeliz de um desfecho tardio de um problema político grave, para as nações envolvidas e também para o mundo.
No final de maio antevejo uma Ucrânia completamente exaurida e devastada, sem recursos, sem independência, sem força anímica. Antevejo uma Ucrânia isolada, a discutir um presente e um passado que serão imutáveis e sem perspectiva de futuro. Não acredito que a Ucrânia então seja mais democrática, ou inclusiva de povos e culturas, antes sim cemitério de ódios, frustrações e ressabiamentos. Sem portos, sem infra-estruturas, sem economia, sem culturas de cereais, com milhões de refugiados no exterior, a Ucrânia viverá superdependente e isolada. E acrescento: dividida política e geograficamente. A Ucrânia, a meu ver, custe a quem custar ouvir isto, nunca será vencedora.
Da Rússia de Putin, poderei dizer parafraseando alguém, que a História nunca a absolverá em absoluto. Humilhado e rejeitado pelo Ocidente, o urso russo caminhará para leste e para outras paragens, encontrando uma outra via de desenvolvimento em globalização económica não expressamente liberal. Disporá ao contrario de outros de energia barata.
De Washington, Londres, Varsóvia e Bruxelas, só se esperam declarações insultuosas, irresponsáveis, patéticas, panfletárias. A águia americana voa impante sobre escombros. Em Sofia, Praga, Bratislava ou Cairo soarão vozes de alarme para a crise energética ou alimentar. Os povos compreenderão tardiamente razões e projetos de dependência. Mas não creio ser possível esperar vozes sensatas com poder, nos tempos mais próximos.
Em Portugal, o alinhamento é total. Mais uma vez aos problemas reais responderemos com atos simbólicos ou místicos, como a exportação da imagem de uma Nossa Senhora de Fátima. Com promessas, rezas e bolos, se convencem os tolos.
Cristiano Ribeiro, Dirigente do PCP
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