02/03/2023, 0:00 h
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EDITORIAL
Não surpreenderá o observador atento da evolução da política portuguesa, nos últimos anos, e nomeadamente da força política actualmente dominante no Governo, que o Governo de maioria socialista iria passar a ser fortemente contestado na rua.
Já não seria tão previsível a fragmentação da equipa governativa, que se tem vindo a verificar, após a descoberta de comportamentos menos conformas com o exercício de funções públicas, que tão má imagem tem fornecido do regime democrático, avidamente aproveitada pelos seus detractores.
E a contestação não surpreende, dadas as linhas gerais que orientam o Governo de António Costa e a maioria absoluta existente na Assembleia da República, que funciona como seu suporte: subordinação externa aos ditames de Bruxelas e, internamente, um alinhamento com os interesses dos sectores empresariais e do capital financeiro, com a consequente subalternização dos trabalhadores e dos pequenos e médios comerciantes e industriais, pensionistas e reformados
A subordinação a Bruxelas é expressa pelo próprio governo com aquilo a que chama “política das contas certas”, que não passa de um eufemismo da “política de austeridade”, imposta pela Troika, de má memória, e defendida, superlativamente, por Passos Coelho.
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As “contas certas” no plano interno implicam menos investimento na Saúde, mesmo quando elevados montantes constam dos orçamentos, mas acabam por vir a ser “cativados”, com evidentes repercussões sociais: maternidades fechadas, longas listas de espera, deslocações inesperadas, intervenções cirúrgicas demoradas, degradação profissional dos médicos e restante pessoal hospitalar, etc.
Implicam menos investimento na Educação – a luta dos professores aí está a demonstrá-lo claramente.
Menos investimento na Segurança Social.
Investimento na habitação que parece não passar do papel.
A inflação continua e continuará em valores elevados, degradando os salários, que não aumentam na mesma relação.
Os produtos alimentares de primeira necessidade crescem exponencialmente. O mesmo se verifica com a electricidade e outros combustíveis.
Verifica-se uma situação de pobreza energética a abranger mais de dois milhões de pessoas
Por estas e mais razões está na rua o protesto contra o Governo, que tarda em tomar as medidas de emergência que se impõem
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